Ética e moral

Por - em 7 anos atrás 1706

Carlos Cartaxo

Como nuvens, a vida passa rápido e, dependendo do tempo, pode nos surpreender com chuva, nublado, tempestade, sol ou uma seca severa como a que estamos vivendo no momento. Tudo muda, nada é eternamente estático. Uma mudança dessa vivenciei em uma festa em um domingo matinal em uma associação na Ponta do Seixas em João Pessoa. Era uma festa de picuienses e agregados, encontro de amigos e familiares.

Pois bem, muitas prosas, lembranças e momentos nostálgicos foram determinantes e agradáveis naquele dia. Não obstante a fraternidade, na mesa em que eu estava tinha um jovem, que aparentava 30 anos, falante e com postura de liderança que merecia atenção pela oratório e poder de arguição.

O sol se posicionava a um grau de latitude que influenciava a temperatura ambiente em torno dos 30 graus Celsius. Essa questão da temperatura parece ser secundária, mas não é. Com essa temperatura, muita gente, bebe em demasia para aliviar o calor. Proporcional a temperatura, no ambiente citado, se ingeria bebidas alcoólicas e frias no sentido de amenizar o calor e acelerar a diversão. Assim foi com o jovem que, de falante, passou a ufanista. Nesse processo proselitista de comunicação, surgiu a história que me chamou atenção. O jovem narrava que, pela segunda vez, havia comprado um carro novo, financiado por um bando, e que após a segunda parcela de pagamento havia parado de pagar as prestações e ficava usando o carro até que o banco entrasse na justiça e tomasse o veículo.

A imagem que trago comigo era a dele sorrindo e debochando do agente financeiro que possibilitava que o mesmo, por meses ou anos, ficasse usufruindo de um bem que não lhe pertencia, mas que também não fora roubado, ou seja, estava em seu nome, mesmo de forma condicional, e por este motivo podia viajar para onde quisesse, pois tinha a “posse” do veículo, mesmo sendo o automóvel um bem alienado, portanto, de direito, não lhe pertencia.

Eu fiquei estático com o ufanismo que o jovem estampava em seu rosto. Rosto? Era cara mesmo! Era cara de pau!

Naquele instante lembrei dos gregos Sócrates, Aristóteles e Platão; do alemão Nietzsche e alguns outros filósofos que tratam a questão da ética e da moral com propriedade. Fiquei estarrecido ao ponto de congelar minhas ações e não reagir. Eu que não sou de fugir de um debate conceitual, naquele dia congelei. Fiquei indignado com a naturalidade com que o jovem demonstrava ser, orgulhosamente, trapaceiro.

Pois bem, anos depois fui convidado a entrar, via internet, em um grupo chamado “picuienses presentes”, pois não é que para minha surpresa aquele dito jovem estava lá criticando o PT, Lula e a presidenta Dilma. Fui obrigado a fazer uma revisão do significado de ética e moral diante da postura política ali tratada. Logo na cidade de Picuí onde o PT tem feito ações brilhantes para o desenvolvimento da região! Claro que os feitos são, reconhecidamente, de sua obrigação e plataforma política. Mas  instituições como o IFPB, a universidade federal, UFCG, em Cuité (cidade vizinha), instalações de bancos federais, asfalto nas rodovias federais de toda região, além de muitos benefícios como o projeto “luz para todos”, cisternas, etc., deveriam propiciar atos de reconhecimento e júbilo pelo bem que fazem à cidade. Mesmo com tais atos profícuos, aparece um sujeito farsante, que não passa de um engabelador, se vangloriando de praticar atos ilícitos, fruto da ausência de ética e moral.

Daí me convenci de que precisamos, urgentemente, tratar sobre ética e moral na escola, igreja, bares, clubes, etc., e nos quatro cantos do mundo, pois vergonha poucos têm; mas defendê-la é obrigação de quem a tem.