
Bolsonaro contesta decisão de Moraes e aguarda parecer da defesa: ‘Não está claro o que posso ou não posso falar’
Por Por Uanabia Mariano - em 3 minutos atrás 1
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quinta-feira (24), que a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as medidas cautelares impostas a ele “não é clara”. A declaração foi feita ao sair da sede do Partido Liberal, em Brasília, horas após o magistrado reafirmar que Bolsonaro pode conceder entrevistas, desde que respeite as demais restrições. “Não está claro o que posso, ou não posso falar no tocante a recortes, inclusive. Então, aguardo. Os meus advogados são muito bons, renomados, e vão me dar um parecer amanhã. Tenho maior prazer de falar com vocês”, disse Bolsonaro a jornalistas.
Na mesma manhã, Moraes manteve as medidas cautelares determinadas anteriormente — como o uso de tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar noturno, além da proibição de contato com investigados e com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). No entanto, o ministro rejeitou o pedido de prisão preventiva e destacou que o ex-presidente não está impedido de dar entrevistas ou fazer discursos públicos ou privados, desde que dentro dos horários permitidos e sem uso de redes sociais, próprias ou de terceiros.
A defesa de Bolsonaro, porém, entende que ainda há ambiguidades na decisão e, por isso, prefere aguardar para orientá-lo com mais segurança. “Eles [os advogados] estão analisando, não posso errar. Gostaria muito de falar com vocês, mas o que vai acontecer depois a gente não sabe”, declarou o ex-presidente.
Mais cedo, minutos após a publicação do despacho de Moraes, Bolsonaro participou de um culto evangélico em Taguatinga, no Distrito Federal, e se emocionou durante a pregação. O ministro do STF reforçou que a cautelar que proíbe o uso das redes sociais não pode ser burlada com o uso de terceiros.
“A explicitação da medida cautelar imposta deixou claro que não será admitida a utilização de subterfúgios para a manutenção da prática de atividades criminosas, com a instrumentalização de entrevistas ou discursos públicos como ‘material pré-fabricado’ para posterior postagens nas redes sociais de terceiros previamente coordenados”, destacou.
Moraes também considerou que Bolsonaro descumpriu a ordem judicial ao mostrar a tornozeleira eletrônica e criticar o equipamento diante da imprensa, na Câmara dos Deputados, no início da semana. O episódio levou o ministro a cobrar explicações formais da defesa, o que fez com que o ex-presidente evitasse aparições públicas e entrevistas nos últimos dias.
Desde a semana passada, Bolsonaro está obrigado a usar tornozeleira eletrônica e a permanecer em casa entre as 19h e as 6h. Aos finais de semana, o recolhimento é integral. Ele também não pode manter contato com outros investigados no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado. A defesa de Bolsonaro aguarda a análise completa da decisão para decidir quais serão os próximos passos.