Lula diz que desconhece participação de Eduardo Cunha em irregularidades. Veja o vídeo
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (30) que desconhece a participação do ex-deputado federal Eduardo Cunha na nomeação do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Zelada para o cargo. Lula também negou ter conhecimento da atuação do então parlamentar na compra de um campo de prospeção de petróleo em Benin, na África, realizada pela Petrobras.
Lula prestou depoimento durante a tarde, na condição de testemunha, no processo em que o Ministério Público Federal (MPF) acusa Cunha de receber propina pelo negócio feito pela Petrobras em Benin. De acordo com as investigações, o ex-deputado também usou contas na Suíça para lavar dinheiro.
A audiência foi realizada por videoconferência. Foi a primeira vez que Lula falou ao juiz Sérgio Moro. O ex-presidente também é réu na Operação Lava Jato, acusado de receber propina da construtora OAS. Segundo a denúncia, a empreiteira cedeu um apartamento tríplex, no Guarujá, a Lula, como forma de pagamento.
Devido a esse processo, os advogados de Lula sugeriram ao ex-presidente que ele se mantivesse em silêncio, sem responder as questões formuladas pelas defesas e pelo MPF, já que Moro preferiu não fazer perguntas. Apesar da recomendação, Lula disse que falaria.
O depoimento de Lula foi rápido. Durou apenas nove minutos. Nesse tempo, os advogados de Cunha perguntaram ao ex-presidente como eram feitas as nomeações para as diretorias da Petrobras, em especial as de Nestor Cerveró e Jorge Zelada.
“A nomeação de Cerveró se deu como outros membros da direção da Petrobras. Ou seja, a indicação ou é feita numa conversa de um ministro da área com a bancada para o Conselho da Petrobras, que é quem nomeia, na verdade, o Cerveró ou qualquer outro diretor”, afirmou Lula.
Segundo o ex-presidente, ele sabia apenas que as nomeações de Cerveró e Zelada foram feitas pelo PMDB, mas não tinha detalhes sobre quem de dentro do partido trabalhou pelas pessoas indicadas. “Passa pelo Congresso, pela bancada, pelo partido, pela Casa Civil, pelo ministro de instituição política, passa pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e se a pessoa não tem nada”, disse.
Conforme Lula, o governo só fazia uma exigência básica aos partidos que faziam indicações para cargos comissionados. “Só tem uma exigência que nós fazemos para indicar alguém, que a pessoa seja tecnicamente competente, que a pessoa tenha conhecimento da atividade que vai fazer. E todos eles que foram indicados são pessoas que têm competência e história na Petrobras”, disse.
Lula também foi questionado sobre a relação entre a nomeação de Zelada e a aprovação da prorrogação da CPMF no Congresso, em 2007. Em delação premiada, o ex-senador Delcídio do Amaral disse que o PMDB condicionou a aprovação do texto à indicação de Zelada para substituir Cerveró na área internacional da Petrobras. O ex-presidente também negou saber algo a respeito dessa relação.
Já o MPF perguntou a Lula se ele sabia dizer quais partidos indicaram pessoas para ocuparem cargos de confiança na Petrobras. Lula disse que qualquer partido da base aliada da época poderia ter feito a indicação, mas que ele lembrava apenas do PP, PT e PMDB.
Bumlai se cala
O pecuarista José Carlos Bumlai também participou da videoconferência. Ele chegou antes de Lula e saiu às 17h50. Ele não conversou com a imprensa. Bumlai foi ouvido no processo contra Eduardo Cunha, mas dessa vez na condição de testemunha de defesa.
Redação