Nova variante do vírus da dengue deixa autoridades de saúde em alerta

Por Redação com G1 - em 2 meses atrás 2

Acompanhar o pai e o tio quase morrerem de complicações de dengue há alguns anos não assustou Lia Salomão tanto quanto a epidemia de 2024, quando ela e parte da família passaram sufoco com a doença que matou mais do que a covid-19.

“Hoje posso dizer que estou neurótica, e essa neurose é uma onda de 2025, acho que ela não existia 2024, porque não tínhamos essa noção de que era tão fácil pegar dengue”, comenta a moradora de São Paulo. “Parecia que se eu estivesse passando um repelente e não deixando água no pratinho do vaso de plantas, estava bom, mas na realidade não é bem assim.

Além da fadiga e desgaste físicos sentidos por mais de uma semana, Salomão conta ter sofrido com disfunção cognitiva pós-viral, como é conhecida a falta de concentração após a cura de uma doença como a dengue, além da perda de cabelo – outro efeito colateral comum. “Ambos foram sensações muito ruins, mas a terrível foi com a minha avó, de 91 anos, que já bebia pouca água e passou a beber ainda menos, por conta do gosto ruim que fica com qualquer líquido; pensei que ia perdê-la a qualquer momento.”

A população acima dos 60 anos é a mais vulnerável à dengue, constituindo a maior parte das 6.068 mortes causadas por ela em 2024. Esse ano presenciou a pior epidemia já registrada no Brasil, quando mais de 6,6 milhões contraíram a doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti. O triste recorde anterior cabia aos anos de 2015 e 2023, quando mais de 1,649 milhão adoeceram.

Os números deste começo de 2025, no entanto, preocupam não apenas cidadãos como Lia e sua família, que incluíram o uso intenso de repelentes e inseticidas na rotina diária matinal, mas autoridades e epidemiologistas. Especialistas concordam que o susto vivido em 2024 deixou as instituições mais preparadas para o pior, porém alertam que o ano corrente deve ser o pior ano da história. Até porque o complexo pacote de medidas contra o mosquito e o vírus que transmite só deverá estar totalmente operacional em 2026.

Números alarmantes em São Paulo

Em meados de janeiro, o governo paulista anunciou a criação de uma sala de emergência para o monitoramento dos casos de dengue no estado, que nas duas primeiras semanas de 2025 apresentou números piores do que no anterior. Segundo o painel de arboviroses do governo de São Paulo, até o sábado (18/01) o total de casos até era 43.817, contra 29.042 no começo de 2024: um aumento de 51% que preocupa as autoridades.

“O nível de alerta é muito alto, pois tivemos não só uma mudança de quadro epidêmico, mas também um novo sorotipo circulando. Durante todo 2024, a predominância foi do vírus da dengue 1 e 2, e já no final do ano houve a introdução do dengue 3, o que é muito preocupante”, adverte a epidemiologista Regiane de Paula, à frente da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde de SP.

Ela explica que, ao contrair a doença com um determinado tipo do vírus, o paciente fica mais imune a este tipo, mas ainda suscetível aos demais tipos de vírus da dengue. O retorno do tipo 3 ao Brasil, após 17 anos erradicado, representa, desta forma, uma chance 33% maior de se contrair a doença novamente. O fenômeno aciona o alarme entre as autoridades.

Pacote agressivo

A contingência da dengue nos últimos anos é afetada pela baixa oferta da vacina. A única disponível no sistema público atualmente é a japonesa Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda. No entanto, o volume de produção está longe do suficiente para atender a população brasileira.

O Ministério da Saúde informou ter adquirido toda a produção da vacina para 2025 que o laboratório forneceu, 9,5 milhões de doses. Com a aplicação de duas doses por pessoa, aproximadamente 4,25 milhões de brasileiros receberão o imunizante. “Claro que é um passo adiante, mas ainda é muito pouco para o tamanho da população do Brasil. Não vamos ter ilusão que a vacina vá bloquear a circulação do vírus em 2025” reconhece Rivaldo da Cunha, secretário adjunto do Ministério da Saúde para Vigilância em Saúde e Ambiente.Susto

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