PF começa a analisar material apreendido na 24ª fase da Lava Jato
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A Polícia Federal começa a analisar neste sábado (5) parte do material apreendido na 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na sexta-feira (4). Entre os alvos da nova fase, batizada de Alethea, está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi levado para prestar depoimento à Polícia Federal.
Documentos como arquivos de computador, contratos, agendas e outros itens de todas as pessoas investigadas devem ser periciados na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde a Lava Jato é coordenada.
Além de Lula, também foram alvos das buscas e apreensões três filhos do ex-presidente e pessoas próximas a ele, como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e a assistente Clara Ant. Houve mandados ainda contra sócios dos filhos de Lula e membros das construtoras Odebrecht, OAS e UTC.
O objetivo da investigação é levantar provas de que o ex-presidente possa ter sido beneficiado diretamente com os esquemas de desvios de recursos da Petrobras, descoberto pela Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, há ainda indícios de que Lula tenha recebido um apartamento no Guarujá e um sítio, como forma de pagamento pelas vantagens dadas a construtoras envolvidas nos casos de corrupção.
Ambos os imóveis não pertencem a Lula ou familiares nas escrituras. No entanto, o MPF acredita que isso se trata de ocultação de patrimônio. No caso do sítio, o imóvel é de propriedade de dois sócios de Fábio Luis da Silva, filho de Lula. Já o apartamento, um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, pertence a construtora OAS.
O sítio, segundo as investigações, recebeu uma ampla reforma paga pela construtora Odebrecht. O local é usado pela família do ex-presidente com certa frequência e chegou a receber festas organizadas por Lula quando ele ainda estava na presidência, com a presença de políticos de várias esferas.
Já o apartamento fazia parte de uma cota adquirida por Lula pelo finado Bancoop, entidade financeira ligada ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. O banco era presidido pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e faliu durante a gestão dele, deixando milhares de pessoas sem os imóveis que haviam comprado junto à instituição.
Um desses imóveis era o Condomínio Solaris, cujas obras foram assumidas pela construtora OAS, após a falência do banco. Alguns proprietários das cotas resolveram aceitar os imóveis, outros, no entanto, disseram que preferiam receber o dinheiro investido de volta. Lula diz que está na segunda leva de investidores e que não é dono do imóvel.
No entanto, depoimentos colhidos pelo MPF apontam indícios de que uma reforma no valor de R$ 800 mil, paga pela OAS, foi feita a pedido da família de Lula. A mulher dele, Marisa Letícia, teria inclusive vistoriado parte da reforma no local, conforme as investigações.
Outro lado
Lula e a família negam todas as acusações. Após sair da Polícia Federal, o ex-presidente fez um pronunciamento, onde voltou a dizer que não é dono de qualquer imóvel apontado pela investigação como indício de ocultação de patrimônio. Lula também se mostrou indignado com a forma como houve a operação, lembrando que em nenhum momento deixou de comparecer para prestar depoimento no âmbito da Lava Jato, quando foi chamado.
“Se o juiz [Sérgio] Moro e o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter me mandado um ofício e eu ia como sempre fui porque não devo e não temo”, declarou.
Ao final do pronunciamento, Lula disse que o mandado de condução coercitiva não “diminui” sua vontade. “Pelo contrário. Eles acenderam em mim a chama de que a luta continua”, afirmou o ex-presidente.
G1