Procurador vê ‘incentivo à corrupção’ se Congresso der anistia a empreiteiro
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O procurador da República Carlos Fernando Lima disse nesta segunda-feira (18) à GloboNews que a possibilidade de o Congresso Nacional acrescentar à medida provisória sobre acordos de leniência a imunidade penal para executivos e donos de empreiteiras investigadas é “um incentivo à corrupção”.
Integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, Lima diz que a MP tem “vários pontos perigosos”, mas o que mais preocupa é a eventual imunidade de acusações criminais para donos de empreiteiras.
O deputado Vicente Cândido (PT-SP) disse que está debatendo a anistia penal para executivos com parlamentares e governo. Ele preside uma comissão especial que analisa um projeto de lei sobre acordos de leniência já aprovado pelo Senado e que seguiu para a Câmara. Como medidas provisórias não tratam de matéria penal, o deputado disse que, em fevereiro, vai decidir se retomará o assunto por meio desse projeto de lei. “Para não criar nenhuma insegurança jurídica”, afirmou.
O acordo de leniência permite que uma empresa envolvida em algum tipo de ilegalidade obtenha benefícios, como redução de pena e até isenção do pagamento de multa, em troca de denunciar o esquema e se compromete e auxiliar o órgão público na investigação. O dispositivo é semelhante ao da delação premiada, mas envolve exclusivamente pessoas jurídicas.
Para o procurador Carlos Fernando Lima, “em um país sério” nada justifica se conceder imunidade penal para empreiteiros que cometeram crimes.
“Por que a empresa vai pagar duas vezes? Ou ela paga pelo penal e deixa o executivo dela preso ou paga pelo erário. Quando eu prendo alguém, estou gastando mais dinheiro ainda: se eu recupero o erário com multas caríssimas por que vou deixar alguém preso para dar mais despesa? O que dói mais no bolso da empresa? É a multa. Prisão tem dano moral, mas não financeiro”, disse.
O ministro Luís Inácio Adams disse à GloboNews que é contra anistia penal para empreiteiros. “Não acho uma boa solução. Nós cuidamos da parte econômica. Quem vai fazer esse debate é o Congresso”, declarou.
Com a publicação, uma comissão especial formada por deputados e senadores passa a analisar o texto e pode fazer alterações. Se o Congresso não aprovar a MP em até 45 dias após a publicação, a medida, então, passa a trancar a pauta de votações até ser votada.
G1