Temer ataca delator e pede suspensão do inquérito no STF

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temer crise jpeNo seu segundo pronunciamento desde a divulgação das primeiras informações sobre a delação premiada de executivos da JBS, o presidente Michel Temer atacou Joesley Batista, um dos donos da JBS, e afirmou neste sábado (20) que pedirá a suspensão do inquérito aberto contra ele no STF.

 
Marcado para as 14h pela Secretaria de Comunicação da Presidência, o pronunciamento começou com uma hora de atraso.
 
Na quinta-feira (18), o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito para apurar condutas de Temer. A Procuradoria-Geral da República vai investigar se o presidente praticou os crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
 
A interpretação dada pela Procuradoria ao diálogo é a de que Temer concordou com a iniciativa do empresário de comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e já condenado, pela Operação Lava Jato.
 
Em nota, o Palácio do Planalto alegou inocência de Temer. “A acusação não procede e o diálogo do presidente com o empresário Joesley prova isso”.
 
O deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) também são alvo da investigação, aberta a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).
 
Em delação premiada, um dos donos da JBS, Joesley Batista, apresentou um áudio de uma conversa entre ele e Temer, no qual ambos falam sobre a compra de silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava Jato, e de tentativas de obstrução das investigações. A conversa aconteceu dentro do Palácio do Jaburu, residência do presidente, fora da agenda oficial.
 
O empresário relata também que foram pagos, a pedido de Temer, valores milionários, entre 2010 e 2017, para garantir vantagens indevidas. Montantes que teriam incluído, por exemplo, R$ 3 milhões em propina na eleição de 2010, quando Temer foi candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT), foram pagos em parte por meio de doação oficial e em outra parte por meio de caixa dois, segundo o delator.
 
Também na quinta, negou qualquer conduta ilegal. O Planalto questiona a autenticidade do áudio. O presidente afirmou que não renunciará. A crise política no governo Temer se agravou após a divulgação da delação. Até agora nove pedidos de impeachment já foram protocolados contra Temer na Câmara dos Deputados. Partidos aliados ameaçam deixar o governo.
 
Neste sábado, o PSB anunciou rompimento oficial com o governo federal e “sugeriu” a renúncia do peemedebista “o mais rápido possível”. O partido tem um ministro do governo, Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB-PE), das Minas e Energia.
 
Além do PSB, o Podemos (ex-PTN) e o PPS já haviam anunciado o rompimento com o Planalto. O agora ex-ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS-SP) se demitiu por conta da repercussão das revelações. O PSDB havia anunciado intenção de desembarcar do governo, mas acabou voltando atrás.
 
UOl