Bebês com microcefalia recebem óculos especiais durante mutirão
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Um mutirão está investigando a evolução de bebês com microcefalia após tratamento. Em dezembro do ano passado, 150 bebês foram avaliados pela equipe da Fundação Altino Ventura. Destes, 20% tinham problema na audição e 30% na visão. A estimativa dos médicos é de que 80% dos bebês com problemas na visão vão precisar usar óculos. Durante o mutirão, eles receberam óculos especiais de graça, fornecidos por uma ótica, que custam entre R$ 300 e R$ 600.
A microcefalia é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 32 cm (até este ano o Ministério da Saúde adotava 33 cm, mas a medida foi alterada de acordo com parâmetros da Organização Mundial da Saúde). Portanto, o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm. Isso vale apenas para crianças nascidas a termo (com 9 meses de gravidez). No caso de prematuros, esses valores mudam e dependem da idade gestacional em que ocorre o parto.
Os óculos são especiais, mais flexíveis para não machucar os bebês como Mateus, que saiu com as novas lentes. Ele tem estrabismo e hipermetropia, que é a dificuldade para enxergar de perto. A mãe dele, Hilda Venâncio da Silva, ficou feliz de ver a evolução do filho. “Mudou tudo, ele começou a enxergar o mundo em volta”, afirma a mãe.
O retorno ao consultório médico, nesta segunda (4), observa a importância do acompanhamento precoce dessas crianças. “A visão deles nós já comprovamos que tem lesões importantes do ponto de vista anatômico, da retina e do nervo óptico e também o déficit da visão, funcionalmente falando”, explica a médica Liana Ventura.
A oftalmologista e geneticista da Universidade Federal de São Paulo, Jualiana Sallum, veio ajudar no mutirão para descobrir se a microcefalia pode estar relacionada a problemas genéticos e como o vírus da zika compromete a visão dos bebês. “Se algum dia a gente vai ter a possibilidade de intervir, no que se refere ao tratamento, a gente precisa saber o que está acontecendo para poder elaborar um possível tratamento”, ponderou.
Até a última sexta-feira, concluíram que 95 deles não tinham a malformação cerebral, com se acreditava antes. Dos 116 casos analisados, 14 foram confirmados com microcefalia e sete seguiam em análise.
O resultado dos primeiros testes deixou aliviado o secretário de Saúde de Pernambuco, Iran Costa. “Isso é bom para o estado e para as famílias. Esse mutirão vai definir quem tem que cuidar e quem terá a suspeita afastada. Essa indefinição causa muito sofrimento para as famílias. Com o mutirão, tiramos esse estigma de cima [das famílias]”, afirmou.
Para Costa, cada passo é importante em um momento em que a doença ainda é desconhecida. Ele lembra que Pernambuco tem um número alto de notificações, porque começou a notificar antes dos outros estados.
“Na época, ainda incluíamos bebês com 33 centímetros de diâmetro cefálico. O protocolo foi desenhado e com o passar do tempo as coisas foram se estabilizando. É assim mesmo, depois vai estabilizando. Espero que esse número [de descartes] ainda aumente bastante”, observou.
G1