Exame de sangue detecta ressurgimento de câncer com 1 ano de antecedência

Por - em 8 anos atrás 565

cancer 5Médicos britânicos conseguiram identificar o retorno de um câncer um ano antes dos exames tradicionais, em uma descoberta animadora para o combate à doença.

A equipe conseguiu rastrear no sangue sinais de câncer quando este era apenas um pequeno amontoado de células invisíveis a raio-X e tomografia.

Isso deve permitir aos médicos tratar o tumor mais cedo, o que também aumentaria as chances de curá-lo.

O estudo também pode levar a novas ideias para remédios contra câncer, após notar como DNA instável permite a rápida evolução do tumor.

A pesquisa focou em câncer de pulmão, mas os processos estudados são tão básicos que as descobertas devem poder ser aplicadas a outros tipos de câncer.

O câncer de pulmão é o que mais mata no mundo, e o principal objetivo do estudo era acompanhar o seu desenvolvimento – a ponto de se espalhar por todo o corpo.

Exame de sangue

Para verificar se um câncer pode estar voltando, os médicos precisam saber o quê exatamente têm de rastrear. Por isso, partiram de amostras de tumores de pulmões removidos durante cirurgias.

Uma equipe no Instituto Francis Crick, em Londres, analisou, então, o DNA defeituoso dos tumores para obter um “mapa genético” do câncer de cada paciente.

A cada três meses, eram realizados exames de sangue para verificar se pequenos vestígios do DNA do câncer teriam reaparecido.

Os resultados, divulgados na publicação científica Nature, mostraram que a recorrência do câncer pode ser identificada cerca de um ano antes do prazo normal de métodos atuais disponíveis na medicina.

Os tumores costumam ter, em geral, um volume de cerca de 0,3 milímetros cúbicos quando são detectados por exames de sangue convencionais.

Esperança

Para Cristopher Abbosh, do Instituto de Câncer UCL, a descoberta é significativa.

“Nós podemos identificar pacientes para fazerem o tratamento mesmo quando eles ainda não têm qualquer sinal clínico da doença e também monitorar como as terapias estão evoluindo.”

“Isso representa uma nova esperança para combater o retorno do câncer de pulmão após a cirurgia, algo que acontece em cerca de metade dos pacientes”, afirmou.

Por enquanto, esse novo método tem sido eficiente ao alertar sobre a volta do câncer para 13 dos 14 pacientes que apresentaram reincidência da doença. E a descoberta ajudou também a identificar quem estava livre, sem indícios da doença.

Em teoria, seria mais fácil curar um câncer que ainda está muito pequeno, no início, do que fazê-lo quando ele já está grande e visível de novo.

No entanto, são necessários mais testes para confirmar a eficácia do método.

Chales Swanton, do Instituto Francis Crick, disse à BBC: “Nós podemos agora organizar testes clínicos para responder à questão fundamental – se você tratar a doença das pessoas quando não há evidências de câncer em uma tomografia ou em um raio-X, você terá mais chances de conseguir curá-la?”

“Nós esperamos que seja isso. Que se nós começarmos a tratar a doença quando existem apenas algumas poucas células cancerígenas no corpo, nós aumentaremos a chance de curar um paciente”, completou.

Janet Maitland, de 65 anos, é uma dos pacientes participando dos testes.

BBC