Ministro fala em crise global de vacinas e aumento do custo para o SUS
Por - em 5 anos atrás 568
Durante viagem a Washington, nesta segunda-feira (30), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o mundo passa por uma crise na produção de vacinas que deve ter impacto no preço que o governo brasileiro paga pelo produto.
Segundo o ministro, não faltam recursos para a compra de vacinas –que são oferecidas gratuitamente pelo SUS– mas sim fornecedores que atendam às demandas do país. Assim como os Estados Unidos, o Brasil vive hoje um surto histórico de sarampo.
sSAÚ”A crise da vacina é global, já que o sarampo voltou em praticamente todos os continentes. […] Os preços das vacinas, a gente imagina que deve ter tendência de alta, porque vai acabar prevalecendo a lei de mercado”, declarou o ministro em Washington.
“Entre nossas soluções está a decisão de iniciar o complexo industrial de vacinas na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio, um investimento alto, mas é uma questão de segurança ter seu fornecedor principal de suas vacinas principais”, completou.
Mandetta participou de reunião com ministros da Saúde das Américas na capital americana e disse que a OMS (Organização Mundial da Saúde) precisa discutir o preço da imunização e também estabelecer metas de vacinação entre 2020 e 2030.
Ele afirma que há uma campanha de não vacinação alimentada por notícias falsas na internet que deve ser combatida. No entanto, o ministro discorda do que chama de “medidas punitivas”, como as implementadas por Nova York, que impôs multa àqueles que se recusavam a vacinar crianças, por exemplo.
“Não sei sobre essa coisa mais punitiva, no caso é mais de construção de cidadania e consciência.”
Entre os exemplos de conscientização listados pelo ministro está a proposta de a carteira de vacinação ser obrigatória para a matrícula não só em creches –como funciona atualmente– mas também para o ensino médio e universitário no Brasil, além de fazer o controle dos vacinados durante a apresentação para o alistamento no Exército.
As medidas, porém, precisariam ser aprovadas pelo Congresso.
Como resultado da falta de vacinação, os Estados Unidos já registraram mais de mil casos de sarampo somente este ano e vivem o maior surto da doença desde 1992.
No Brasil, os casos de sarampo também continuam crescendo e, somente nos últimos 90 dias, foram confirmados 4.507 casos da doença, a maior parte deles em São Paulo.
Para enfrentar o surto, Nova York chegou a impor multas àqueles que se recusassem a vacinar as crianças, além de proibir alegações religiosas como justificativa para a não vacinação.
Isso porque comunidades ultraortodoxas chamaram atenção das autoridades americanas devido a preocupações dos pais de que a vacina contra o sarampo poderia causar autismo, um boato sem comprovação científica alimentado por vídeos amplamente espalhados na internet.
Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, 33 novos casos foram confirmados no país entre maio e junho, a maior parte em Nova York. Até agora, o mais grave surto de sarampo entre os americanos havia ocorrido em 1992, com 2.126 infecções pelo vírus.
O sarampo é uma doença extremamente contagiosa e considerada grave, sobretudo em crianças menores de cinco anos e pessoas com baixa imunidade.
Antes considerada eliminada no Brasil, a doença voltou a registrar casos e a circular no país em 2018. Naquele ano, foram registrados 10.330 casos.
Diante do novo cenário, Mandetta afirma que “não gosta de se comprometer com o tempo” quando o assunto é discutir quando o país receberá de volta o certificado de livre da doença para o sarampo. Avalia, no entanto, que isso será encaminhado com as campanhas de vacinação previstas para este ano.
O ministro disse ainda que pediu parceria com os EUA principalmente na área das doenças negligenciadas, como a leishmaniose, por exemplo, e nas pesquisas envolvendo genética, uma área que, na sua avaliação, o Brasil “ficou para trás na corrida.”
Antes de viajar a Washington, Mandetta acompanhou a comitiva do presidente Jair Bolsonaro a Nova York para a abertura da Assembleia Geral da ONU, na semana passada.
MARINA DIAS