Pílula do Câncer: testes iniciais apontam baixo potencial contra tumor

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cancer 4O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) divulgou, nesta sexta-feira (18), os primeiros relatórios sobre as pesquisas financiadas pelo governo federal a respeito da fosfoetanolamina, substância que ficou conhecida como a “cápsula do câncer”.

As conclusões apontam que as cápsulas têm uma concentração de fosfoetanolamina menor do que era esperado e que somente um dos componentes da cápsula — a monoetanolamina — apresentou atividade citotóxica e antiproliferativa, ou seja, capacidade de destruir células tumorais e inibir seu crescimento.

O objetivo desses testes iniciais foi verificar a composição do produto e testar a capacidade da substância de inibir tumores em testes in vitro, ou seja, feitos com células dentro do laboratório.

A fosfoetanolamina passou a ser sintetizada e distribuída pelo Instituto de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) para pacientes com câncer sem que a substância tivesse passado pelos testes clínicos necessários para determinar a segurança e eficácia do tratamento.

O pesquisador aposentado Gilberto Orivaldo Chierice, que desenvolveu um método de síntese da fosfoetanolamina quando era professor do IQSC-USP, tinha obtido apenas resultados preliminares em modelos experimentais sobre a possível eficácia da substância contra o câncer.

Composição da cápsula
O relatório aponta que, apesar de a informação contida no rótulo ser “fosfoetanolamina sintética, 500 mg”, as cápsulas pesavam entre 233 mg e 368 mg. A porcentagem de fosfoetanolamina presente nas cápsulas era de apenas 32,2%.

O produto também contém 18,2% de monoetanolamina protonada, 3,9% de fosfobisetanolamina, 34,9% de fosfatos de cálcio, magnésio, ferro, manganês, alumínio, zinco e bário e 7,2% de água.

Potencial contra o câncer
Testes feitos com os componentes da cápsula em células humanas de câncer de pâncreas e melanoma apontaram que a fosfoetanolamina não apresentou nenhuma atividade citotóxica nem antiproliferativa, mesma conclusão obtida em relação à fosfobisetanolamina.

Somente a monoetanolamina demonstrou pontencial antitumoral, ainda assim “várias ordens de magnitude menos potente” do que medicamentos antitumorais já disponíveis no mercado.

Testes adicionais sugeridos
Um dos relatórios divulgados pelo MCTI observa que, apesar de os testes in vitro não terem demonstrado potencial antitumoral, são recomendados testes in vivo.”Uma molécula não citotóxica ou citotóxica em altas concentrações pode apresentar, conforme evidenciam os trabalhos publicados com a fosfoetanolamina, potencial antitumoral in vivo, possivelmente por depender de rotas metabólicas para desencadear sua ação”, afirma o relatório.
R$10 milhões para testes
O MCTI coordena, ao lado do Ministério da Saúde, uma iniciativa federal para pesquisar a substância, anunciada em outubro de 2015. Na ocasião, foi anunciado que o projeto teria um financiamento de R$ 10 milhões por parte do MCTI.

Três laboratórios estão participando dessa etapa inicial do estudo: o Centro de Inovação e Ensaios Pré-clínicos (CIEnP), em Santa Catarina, o Laboratório de Avaliação e Spintese de Substâncias Bioativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASSBio-UFRJ) e o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (NPDM/UFC)

Está em curso ainda uma outra iniciativa para pesquisar a substância, esta financiada pelo governo do estado de São Paulo e coordenada Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp).

G1