Mais um caso clínico atendido no Hospital Regional Felipe Tiago Gomes recebe destaque em revista científica internacional

Por - em 9 anos atrás 714

edgleyA revista científica de relevância internacional Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery (BRJOMS) publicou esta semana um artigo que relata o Padrão de Tratamento de Lesões Faciais por Mordedura Animal em dois casos clínicos operados no Hospital Regional Felipe Tiago Gomes de Picuí-PB, pela equipe do cirurgião buco-maxilo-facial dr. Edgley Porto.

Para ver o artigo na íntegra acesse (página 63):

http://www.revistacirurgiabmf.com/2016/01/RevistaV16N1full.pdf

“Gostaria de parabenizar a todos os que fazem o Hospital Regional de Picuí por mais esta conquista em estarmos contribuindo com a divulgação do saber científico na comunidade internacional e de estar levando o nome do Hospital Regional de Picuí e da nossa querida Picuí aos mais longínquos lugares do mundo. Agradeço à Deus por tudo e a gestão do Hospital Regional de Picuí nas pessoas dos de Alfredo Dantas Neto e Drª Hilda Moreira Marques pelo apoio e confiança no nosso trabalho”.

Confira os detalhes abaixo:

INTRODUÇÃO

As mordeduras de animais estão entre os tipos mais comuns de traumatismos a que o homem está exposto.  Representam uma lesão comum, geralmente vistas nas emergências dos hospitais e correspondem a cerca de 1% dos atendimentos. O risco de infecção após a mordedura é determinado pelos cuidados locais, localização da lesão, fatores inerentes ao indivíduo, tipo de lesão e animal agressor.3,4

Crianças são duas vezes mais acometidas em relação aos adultos, e, geralmente, por lesões de maior gravidade, as quais comumente envolvem a região de nariz, orelhas, bochechas e lábios.2,6,7

As lesões por mordeduras são feridas corto-contusas, alongadas, muitas vezes, em forma de “V”, nunca possuem vestígios de sucção, envolvem lacerações, avulsão e esmagamento do tecido, além da penetração em vários planos teciduais de uma variedade de bactérias, resultando deste apenas marcas dentárias até o desgarramento em bloco de tecidos.4,6,8

A contaminação bacteriana própria, o alto risco de infecção por outros patógenos, tais como, vírus, rickettsias, protozoários e parasitas, juntamente com a injúria frequentemente complexa de estruturas profundas pode acarretar grave quadro infeccioso local e sistêmico.2,3,7

Ainda não há um consenso em relação ao padrão de tratamento das lesões ocasionadas por mordeduras por animal, principalmente no que se refere à sutura primária e à profilaxia de doenças infectocontagiosas originadas a partir do contato da mucosa oral destes animais com a ferida.1,2,4,5 Deve-se avaliar os seguintes pontos em todos os casos de mordidas: a gravidade e a localização; a origem da mordedura; os primeiros socorros realizados; as lesões associadas; a evidência de infecção; a doença preexistente na vítima; e o estado de imunização.6,7,8

Os autores apresentam dois casos de mordedura de animal (cão) atendidos pelo Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial do Hospital Regional de Picuí-PB.

RELATO DE CASOS

Os dois pacientes atendidos em caráter de urgência tratavam-se de crianças, uma de 4 anos do sexo feminino e a outra de 7 anos do sexo masculino. As duas crianças foram vítimas de mordedura de cão de origem desconhecida e apresentavam ferimentos extensos lácero-contusos com perda de substância, múltiplos na face. Na menina os ferimentos envolviam a região geniana esquerda, lábio inferior e superior e sulco gengivo-labial inferior e no menino, as lesões transfixavam lábio inferior, região geniana e sulco gengivo-labial inferior. (Figuras 1 e 2)

No atendimento inicial realizado pelo cirurgião geral plantonista, foi administrada profilaxia antirrábica, através de prometazina 50 mg IV + Hidrocortisona 500 mg IV e, após 30 minutos, foi aplicado soro profilático (SAR). Além disso, foi realizada profilaxia antitetânica através de imunização (SAT), com esquema preconizado de 5.000UI, via intramuscular nos dois pacientes.

Procedimento Cirúrgico

Em ambos os casos apresentados, o procedimento cirúrgico foi realizado sob anestesia geral com entubação nasotraqueal e infiltração local de citocaína a 2% com adrenalina. Em seguida foi realizada limpeza cirúrgica da área e irrigação com solução fisiológica a 0,9%, regularização dos bordos do ferimento e cauterização da área cirúrgica com bisturi elétrico. Logo depois, iniciou-se a reconstrução da face, lábios e sulco gengivo-labial inferior, através da sutura dos ferimentos por planos com fio vicrylR 4-0, e depois sutura da pele, com fio nylon 5-0 em pontos separados, seguida de curativo compressivo (Figura 3).

Proservação

No pós-operatório imediato, os pacientes mostravam-se calmos e em condições para dieta. No segundo dia pós-operatório os pacientes receberam alta hospitalar, foram receitados Amoxicilina-Clavulanato25mg/kg e Ibuprofeno 50mg/kg, conforme o peso, durante 07 dias, por via oral. Os responsáveis legais pelas crianças foram orientados quanto ao uso da medicação e os cuidados sobre higiene bucal e antissepsia dos ferimentos.

A dez dias do procedimento cirúrgico, após a remoção da sutura, a área operada ainda estava em fase de cicatrização. A proservação de 30 dias mostrou os ferimentos completamente cicatrizados e os pacientes receberam acompanhamento durante 6 meses sem complicações. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a relevante frequência com a qual ocorrem os ferimentos ocasionados por mordeduras de animais, e a controvérsia entre os profissionais principalmente com relação à escolha dos antibióticos utilizados e a realização do fechamento primário da lesão. O emprego de profilaxia antibiótica restringe-se aos casos considerados como de alto risco à infecção, avaliados durante o exame clínico, Profilaxia por imunização antitetânica e antirrábica, quando indicados, devem sempre fazer parte do protocolo de tratamento desses pacientes. Além disso, torna-se necessário por parte do cirurgião buco-maxilo-facial o completo domínio teórico-prático das formas de prevenção e intervenções específicas para o profissional que deve estar apto a reconhecer, diagnosticar e tratar situações como estas relatadas, seguindo um protocolo de atendimento de acordo com a experiência clínica para obter êxito em cada caso.

Por Dr. Edgley Porto – Cirurgião buco-maxilo-facial