A dama de honra do samba

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cervejeiros_samba3 (Foto: Divulgação Antarctica)O ritmo mais tradicional do Brasil completa 100 anos em 2016. E se existe uma maneira de brindar a esse aniversário, certamente é com cerveja. A parceria da dupla é antiga, virou paixão nacional: hoje, é raro encontrar uma roda de samba em que a bebida não esteja presente, nem que seja no cenário.

“A cervejinha está na cenografia o tempo inteiro. Nesse contexto das rodas, já faz parte da tradição você ter as cervejas e os petiscos na mesa. Se não tiver, está errado”, brinca Fabiano Salek, 40 anos, integrante da Sururu na Roda, uma das mais tradicionais rodas de samba do Rio de Janeiro.

Tomar cerveja para acompanhar o samba não é apenas um hábito. Faz parte de uma celebração da cultura brasileira, já que as rodas surgidas no Rio no início do século passado não se limitavam à coreografia ou à música:

“A roda de samba comporta muito mais coisas: comporta a maneira como você se veste, a maneira como você conversa com as outras pessoas, a maneira como você celebra o amor, a cidade, o território”, explica o historiador Luiz Antônio Simas.

Bebida gelada e música quente

A mistura de influências entre tradições de baianos que migraram para o Rio, batuques africanos e maxixe deu origem ao samba. Na cidade onde o ritmo nasceu existe outro fator que deixa ainda mais favorável a combinação com a bebida: o calor.

cervejeiros_samba2 (Foto: Divulgação Antarctica)Linha do tempo com a história dos 100 anos do
Samba, no Camarote da Boa.

“Aqui, sem cerveja a roda não começa. Ainda mais no verão, quando é muito calor”, diz Yuri Bittar, 34, do Samba do Ouvidor, outra tradicionalíssima roda da Cidade Maravilhosa.

Eduardo Gallotti, 52 anos, voz e cavaquinho da Eduardo Gallotti e Roda, concorda com o amigo: “É uma parceria fundamental. Nesse calor, o negócio é bebida gelada e música quente. Aí a gente entra nesse dilema: se o samba parar, ele esfria. Mas se os músicos não pararem para tomar um gole, a cerveja esquenta”, brinca.

Celebrar o samba

As tradicionais rodas comemoram o centenário do ritmo em vários pontos do Rio. Mas quem foi à Marquês de Sapucaí no Carnaval também conheceu um pouco mais da história do samba. No camarote da BOA, que estará aberto até o desfile das campeãs, no próximo sábado, a homenagem foi para o centenário do ritmo mais brasileiro.

“Falar de samba significa falar de tradição, falar de verdade, falar de essência, respeito e falar de detalhe. Então esse camarote é composto esse ano de muitos detalhes. De detalhes de pessoas que fizeram essa história acontecer”, diz Maria Fernanda de Albuquerque, diretora de marketing de Antarctica.

Em uma das paredes do camarote, a Antarctica contou a história do samba, com destaque para os principais fatos que marcaram os 100 anos do ritmo. Durante o evento de abertura do espaço, no sábado antes do início dos desfiles, houve um esquenta com integrantes das principais rodas do Rio. Tudo acompanhado de perto pela dama de honra do samba: a cerveja.

Confira fatos da história do samba:

1916 – Donga e Mauro de Almeida compõem o lendário samba “Pelo telefone”, gravado no ano seguinte.

1925 – Primeiro concurso de sambas e marchinhas, no teatro São Pedro, no Rio de Janeiro.

1928 – Surge a primeira escola de samba do Brasil, a Deixar Falar, no Rio de Janeiro.

1929 – Surge a Estação Primeira de Mangueira.

1930 – Carmen Miranda é consagrada nacionalmente com a marchinha “Para você gostar de mim (Taí) ” de Joubert de Carvalho.

1931 – Noel Rosa lança “Com que roupa? ”, primeiro sucesso interpretado pelo poeta da Vila.

cervejeiros_samba4 (Foto: Divulgação Antarctica)Rodas de samba são origem do samba urbano
no Rio de Janeiro.

1934 – Surge a escola de samba Portela.

1935 – A escola Vai Como Pode muda de nome e, como Portela, vence o carnaval.

1937 – É criada a Lavapés, primeira escola de samba de São Paulo.

1938 – Dorival Caymmi tem seu samba “O que é que a baiana tem? ”cantado por Carmen Miranda no filme Banana da terra.

1939 – Ary Barroso lança “Aquarela do Brasil”.

1942 – Ataulfo Alves e Mário Lago lançam o sucesso “Ai, que saudades da Amélia”.

1953 – Surge a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro.

1955 – O conjunto Demônios da Garoa lança “Saudosa maloca”, de Adoniran Barbosa.

1959 – Em seu primeiro desfile no grupo especial, a Mocidade Independente de Padre Miguel revoluciona ao criar a célebre “paradinha da bateria”.

1963 – É instituído o dia 2 de dezembro como Dia Nacional do Samba.

1974 – Adoniran Barbosa protagoniza comercial da Antarctica.

cervejeiros_samba5 (Foto: Divulgação Antarctica)Primeiro andar do Camarote da Boa, na Sapucaí,
com decoração que remete a detalhes do samba.

1984 – O então governador do Rio, Leonel Brizola, entrega a Passarela do Samba, ou Sambódromo. Projeto de Oscar Niemayer.

1986 – Zeca Pagodinho lança seu primeiro LP, Zeca Pagodinho.

1991 – Desfile das Escolas de Samba de SP é realizado pela primeira vez no Sambódromo do Anhembi.

2005 – Morre o compositor, cantor, sambista e ritmista Bezerra da Silva.

2006 – O samba-de-roda do Recôncavo Baiano foi proclamado “Patrimônio da Humanidade” pela Unesco.

2008 – Morre o intérprete de samba enredo Jamelão.

2010 – Antarctica tornou-se patrocinadora oficial do Carnaval de Rua do Rio, parceria que se estende até hoje.

2013 – Antarctica lança o concurso Talentos do Samba, que celebra, fomenta e divulga a cultura do samba de raiz nas comunidades. E tem como principal objetivo deixar um legado para as comunidades cariocas, descobrindo e divulgando talentos da nova geração.

cervejeiros_samba6 (Foto: Divulgação Antarctica)Reprodução da janela de Cartola.

2014 – Antarctica realiza o Morro em Festa, primeiro festival de samba com quatro festas simultâneas no Vidigal com objetivo de coroar a relação entre morro e asfalto.

2015 – De Donga a Diogo Nogueira, 100 anos de samba, com direção de Gustavo Gasparani, o musical ‘Sambra’ estreia no Vivo Rio para contar e cantar a história do gênero.

2015– Antarctica chega à Sapucaí com o Camarote da BOA e realiza o Batuque da BOA, uma união inédita de 10 das mais tradicionais rodas de samba cariocas, que se apresentaram no mesmo dia, em seus redutos originais, em um circuito cultural aberto ao público.

2015 – Lançamento da edição especial de garrafas da BOA em homenagem ao samba com trechos de canções clássicas estampados.

2016 – Comemoração do Centenário do SAMBA.

Com G1