Conheça Biliviu e os famosos ‘burrinhos de barro’

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Talvez ninguém conheça quem é Severina Bernadino, mas “Biliviu”, todos recordam. Uma mulher pequena no tamanho e grande no talento e na coragem. 

A aposentada Severina Bernadino dos Santos, 80 anos, nasceu na cidade de Damião, no Curimataú paraibano. Biliviu é deficiente auditiva,  não ouve e nem fala. Segundo familiares, ela é “moça”, e nunca namorou na vida. 
A idosa  mora desde de 1965 com a irmã mais nova. Hoje a família reside na Rua Pedro Gondim em Nova Floresta.  Josefa Bernadino (Veinha), juntamente com outra irmã, cuidam diariamente da alimentação, higiene e saúde de Biliviu. 
A aposentada não teve uma vida fácil, desde de cedo se “virava nos 30 ” para ajudar nas despesas de casa. De acordo com Josefa, Biliviu ia semanalmente para a feira de Cuité, recolher caroços de feijão e milho perdidos pelo chão. De grão em grão, ela juntava uma grande quantidade e vendia.
Na década de 60, a família residia na comunidade de Cacimba Velha, município de Nova Floresta. Na época, Biliviu com 25 anos de idade, começou a observar   moradores vizinhos fabricando pratos e panelas de barro, e resolveu colocar a “mão na massa”. 
Diferente dos assessórios de cozinha, a idosa quis criar algo diferenciado, e de suas mãos saiu um animal de barro, semelhante a um cavalo.
Ao passar dos anos, Biliviu foi se aperfeiçoando e inovando nos seus modelos. O cavalo se transformou em um burro, onde ela implementava e esculpia no barro, sela e barricas de água.
A aposentada saia da zona rural com destino a cidade de Nova Floresta. No percurso, ela distribuía seus burrinhos pra quem ela se identificava.“Ela vinha a pé para a cidade e quando se engraçava de alguém presenteava com um burrinho. Ela nunca cobrou por nenhum, mas as pessoas ajudava com dinheiro”, disse a irmã.
Beliviu é tão querida na cidade, que no ano 2006  internautas criaram uma comunidade no Orkut, com o nome “Já Ganhei um Burro de Biliviu”, onde continha centenas de seguidores.
Em 2013, a idosa teve que parar de fazer o que mais gostava,  devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que comprometeu o movimento do braço esquerdo.
A artesã se emociona ao ver um cavalo de cerâmica que fica na estante de sua casa. De acordo com a irmã, esse objeto foi a inspiração da idosa no tempo que ela começou a fazer os burros de barro.
Essa guerreira e sua história  mostra  que não são palavras que conquistam as pessoas, e sim, boas ações. Nessa sorridente senhora  falta voz, mas em seu coração nunca faltou amor ao próximo.
Gustavo Camelo