Grandes do Rio miram pagar dívidas e ficam sem reforços de peso em 2014
Por - em 11 anos atrás 90106
O discurso de comprometimento e responsabilidade com as finanças saiu da teoria e, ainda que de maneira forçada por conta da dívida bilionária – somados os quatro clubes –, foi colocado em prática. E no lugar de grandes contratações e promessas de reforços de peso para o torcedor, o que se viu foi um discurso de pés no chão, mostrando aos fãs do futebol carioca uma nova e dura realidade.
"A questão não é apenas a falta de dinheiro, mas sim um banho de realidade que todos precisam tomar. O Flamengo já passou por isso no final de 2012 e início de 2013, agora é a vez dos outros times. E assim será nos próximos anos. É a nossa realidade. Não podemos prometer o que não conseguiremos pagar. Vamos contratar o que estiver ao nosso alcance", explicou o diretor executivo de futebol do clube da Gávea, Paulo Pelaipe.
"Não podemos vender ilusão e enganar o torcedor. A conta é cara e chega lá na frente. Isso foi feito durante anos e anos e agora estamos pagando. Temos que sanear tudo para que os grandes investimentos possam voltar em um futuro não muito distante. Desta vez, porém, com mais responsabilidade. É difícil, sabemos que o torcedor quer ter um Kaká, um Neymar, um Diego, mas, ao mesmo tempo, é bacana ver essa conscientização", completou o cartola do Flamengo.
E o Rubro-negro puxa a fila da austeridade. Sem comprometer receitas, o time da Gávea já admite até perder seu principal jogador – Elias. O Sporting, de Portugal, pede R$ 16 milhões e o Flamengo afirma que só pode pagar até R$ 12 milhoes.
"Se não tem dinheiro, não podemos fazer loucura. Oferecemos o que temos, o que garantimos pagar. A realidade é essa. Se não puder, o torcedor vai entender", disse Pelaipe.
Com a chance cada vez mais real de perder Elias, as peças de reposição também seguem a linha de pouco investimento. Mesmo com uma Libertadores pela frente em 2014, o time fechou as contratações modestas de Everton, do Atlético-PR, e Feijão. Léo, também do time paranaense, está próximo do acerto.
Rivais seguem a linha
O Fluminense se prepara para um corte de gastos considerável em 2014 e, por isso, pouco sonhou na janela de transferências. O clube mantém um discurso pés no chão e garante que só irá atrás de reforços humildes no mercado, sem direito a contratações mais extravagantes como nos anos anteriores.
Até aqui, o único reforço anunciado foi a volta de Dário Conca, que deu preferência ao Fluminense em seu retorno ao Brasil após a passagem de quase três anos pelo Guanghzou Evergrande, da China. Este deve ser o único reforço de peso do Tricolor, que terá de pagar mais de R$ 30 milhões em impostos atrasados em 2014, além do corte de gastos da parceira Unimed.
Em crise financeira, o Vasco perdeu ainda mais poder de investimento com a queda para a segunda divisão nacional. O Cruzmaltino decidiu priorizar a manutenção do técnico Adilson Batista e a contratação do diretor Rodrigo Caetano. Com muitos jogadores em fim de contrato e já fora dos planos, a intenção é revolucionar o elenco para a temporada 2014.
Assim como outros clubes, a equipe de São Januário esbarra nas altas pedidas salariais e não encontra facilidades para contratar. A opção encontrada pela diretoria para reforçar o time foi ir ao mercado sul-americano e contar com a ajuda de empresários. O goleiro uruguaio Martín Silva e o volante paraguaio Aranda, que possuem o mesmo agente, foram confirmados. Não há expectativa de contratação de nomes de peso para a temporada que se inicia.
O Botafogo, mesmo classificado para a Libertadores após 18 anos, também não deverá ousar no mercado. Até agora, o clube fechou com 4 nomes, mas nenhum de peso: Jorge Wagner, os gêmeos Anderson e Alex, além do volante Hygor, do Bangu.
A única busca por grande reforço deverá ser no ataque. Porém, a situação do clube, que já tentou Nilmar, Walter e Forlán é complicada. Caso o cenário se mantenha até meados de janeiro, a linha ofensiva também não terá maiores contratações. Os santistas Neílton e Willian José, que estão próximos do acerto, devem ser os nomes novos na frente.
Sem maiores perspectivas de receita, o clube tenta manter o elenco, valorizado com a vaga na Libertadores. Com exceção do ataque, apenas contratações pontuais serão realizadas, já que a diretoria apostará na base, como ocorreu em 2013.
E esta será a tônica dos clubes cariocas em 2014. Com uma capacidade cada vez mais reduzida de investimentos, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo volta suas atenções para não perder o pouco que ainda têm em seus elencos.
Além da manutenção do elenco, outro objetivo dos grandes do Rio de Janeiro é aproveitar cada vez mais as categorias de base. Sem dinheiro para contratar, os times terão que buscar a solução em casa: para jogar e, principalmente, para gerar receita.
Fonte: UOL