O ´fim do mundo´ que não houve

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O que deu para inferir é que o presidente Bolsonaro precisa adequar o seu slogan: “Palavrão acima de tudo”.

Quanto ao teor, na conversa com os ministros fica demonstrado que o presidente tem quase obsessivo foco em administrar e agir em consonância com os postulados que o levaram ao cargo.

Dito de outra maneira: Bolsonaro está absolutamente antenado para não se apartar da expressiva fatia do eleitorado que conseguiu atrair e que mantém próxima através de ações que, para o juízo comum ou adverso, são qualificadas como estapafúrdias, inconsequentes e antidemocráticas.

Levantando os olhos na direção do horizonte, cativar esse segmento do eleitorado é algo indispensável para pavimentar o projeto de reeleição do atual presidente.

Colateralmente, alguns assessores presidenciais entraram no enredo de maneira grotesca, ridícula e até irresponsável. Vamos aos exemplos.

Ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o Banco do Brasil: “Tem que vender essa porra logo”.

Sobre o setor de turismo: “Deixa cada um se fod…”

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente: “Estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de covid, e ir passando a boiada, mudando todo o regramento e simplificando normas (…) Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação”.

Damares Alves, ministra dos Direitos Humanos: “A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir, inclusive, a prisão de governadores e prefeitos”.

E o (reincidente) ministro da Educação, Abraham Weintraub: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.

Em resumo – e à primeira vista – o vídeo da reunião frustrou as expectativas criadas em torno de sua divulgação.

Isso não quer dizer que atenua o que foi dito, mas também não consubstancia a categórica prova que se esperava.

Pode até ter ´corado´ que tem (justificadamente) aversão aos palavrões, ainda mais na esfera pública e oriundos da principal autoridade na Nação.

Mas, certamente, o vídeo encheu de satisfação os que têm em Bolsonaro ´o mito´ para a redenção nacional.

Arimatéa Souza.