O ´fim do mundo´ que não houve
Por - em 5 anos atrás 338
O que deu para inferir é que o presidente Bolsonaro precisa adequar o seu slogan: “Palavrão acima de tudo”.
Quanto ao teor, na conversa com os ministros fica demonstrado que o presidente tem quase obsessivo foco em administrar e agir em consonância com os postulados que o levaram ao cargo.
Dito de outra maneira: Bolsonaro está absolutamente antenado para não se apartar da expressiva fatia do eleitorado que conseguiu atrair e que mantém próxima através de ações que, para o juízo comum ou adverso, são qualificadas como estapafúrdias, inconsequentes e antidemocráticas.
Levantando os olhos na direção do horizonte, cativar esse segmento do eleitorado é algo indispensável para pavimentar o projeto de reeleição do atual presidente.
Colateralmente, alguns assessores presidenciais entraram no enredo de maneira grotesca, ridícula e até irresponsável. Vamos aos exemplos.
Ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o Banco do Brasil: “Tem que vender essa porra logo”.
Sobre o setor de turismo: “Deixa cada um se fod…”
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente: “Estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de covid, e ir passando a boiada, mudando todo o regramento e simplificando normas (…) Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação”.
Damares Alves, ministra dos Direitos Humanos: “A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir, inclusive, a prisão de governadores e prefeitos”.
E o (reincidente) ministro da Educação, Abraham Weintraub: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”.
Em resumo – e à primeira vista – o vídeo da reunião frustrou as expectativas criadas em torno de sua divulgação.
Isso não quer dizer que atenua o que foi dito, mas também não consubstancia a categórica prova que se esperava.
Pode até ter ´corado´ que tem (justificadamente) aversão aos palavrões, ainda mais na esfera pública e oriundos da principal autoridade na Nação.
Mas, certamente, o vídeo encheu de satisfação os que têm em Bolsonaro ´o mito´ para a redenção nacional.
Arimatéa Souza.