Para não sofrer derrotas no Congresso, governo precisa fazer acenos de paz ao Legislativo
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Em vez de alimentar a crise política, o governo de Jair Bolsonaro deveria trabalhar pela conciliação pois, passado o feriado de Carnaval, tem duas missões pela frente.
A primeira é evitar a convocação do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, para que ele explicar o que quis dizer com a acusação de que o Congresso estava chantageando o Palácio do Planalto.
Antes do Carnaval, o clima era de aprovação de um requerimento de convocação no plenário do Senado.
Depois, ao invés de a temperatura da tensão política esfriar, ela aumentou, o que elevou o risco de derrota. Por isso, o governo vai procurar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para tentar um acordo que evite a ida do ministro do GSI ao Congresso Nacional.
O receio é que se Augusto Heleno for convocado o clima entre Palácio do Planalto e Congresso fique ainda mais tenso.
A segunda missão é garantir o cumprimento do acordo para votação dos vetos presidenciais.
Pelo entendimento firmado antes da crise política se agravar, o acerto era que um dos vetos iria ser derrubado, garantindo aos parlamentares preferência na escolha de quais emendas serão liberadas. Em troca, o Congresso devolveria para o governo R$ 15 bilhões dos R$ 30 bilhões destinados para emendas de relator e de comissões aprovados no ano passado.
Hoje, na avaliação de líderes, o governo correria risco de ser derrotado nas duas votações.
Mas, interlocutores do presidente Bolsonaro negociam nos bastidores um entendimento para que a paz volte a reinar entre os dois lados. Assessores presidenciais avaliam que Alcolumbre e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, já emitiram sinais de que trabalharão pela conciliação em prol da aprovação das reformas estruturais.
“Confiamos que, na próxima semana, quando o Congresso retoma suas sessões, o clima será outro, ninguém vai trabalhar para um clima que só tende a piorar a nossa economia, todos estão apreensivos com o atual momento e sabem que precisam contribuir para um entendimento em nome do país”, disse o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO).
Por Valdo Cruz