Brasil tem o segundo maior juro real do mundo após nova alta da Selic

Por Redação com JPan - em 4 minutos atrás 1

O Brasil passou a ocupar a segunda posição no ranking mundial de juros reais — taxa de juros descontada a inflação — após o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) elevar, nesta quarta-feira (18), a taxa básica (Selic) de 14,75% para 15% ao ano. A decisão, unânime, representa a sétima alta consecutiva e levou os juros ao maior patamar desde julho de 2006. Com a elevação, o juro real brasileiro subiu para 9,53% ao ano, superando países como Rússia (7,63%), Argentina (6,70%) e África do Sul (5,54%), segundo levantamento da MoneYou e da Lev Intelligence, que considerou dados de 40 países.

A Turquia lidera o ranking com 14,44% de juros reais. A taxa brasileira é resultado da combinação entre a Selic projetada e a inflação esperada para os próximos 12 meses, atualmente estimada em 5,25% pelo Boletim Focus.

A taxa de 15% ao ano é a mais alta desde julho de 2006, quando estava em 15,25%. O ciclo atual de alta teve início em setembro de 2024, ainda sob a presidência de Roberto Campos Neto, e acumula uma elevação de 4,5 pontos percentuais em nove meses. No comunicado divulgado após a reunião, o Copom indicou que deve encerrar o ciclo de altas no próximo encontro, previsto para os dias 29 e 30 de julho. O BC hoje é comandado por Gabriel Galípolo, que foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O comitê avalia manter os juros em um nível “significativamente contracionista” por um período prolongado, para garantir a convergência da inflação à meta estabelecida — de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Apesar disso, o colegiado deixou aberta a possibilidade de novas altas, caso os dados econômicos justifiquem. Segundo o BC, a inflação segue resistente, impulsionada por uma atividade econômica aquecida e por um mercado de trabalho ainda pressionado.

Ambiente externo incerto e preocupações fiscais

O Copom também chamou atenção para o cenário internacional, que considera “adverso e incerto”. Entre os fatores de risco, citou o impacto da política econômica dos Estados Unidos e o acirramento de tensões geopolíticas, como o conflito no Oriente Médio. O comitê destacou ainda a volatilidade dos ativos financeiros e o risco de desaceleração global.

Internamente, as projeções de inflação continuam elevadas. A expectativa para 2026, ano de referência da política monetária atual, está em 3,6%. Já para 2027, o mercado prevê inflação de 4% — acima do centro da meta. O Copom também alertou para os riscos fiscais, afirmando que segue atento aos efeitos das políticas públicas sobre a inflação e os mercados.

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