Picuí-PB, realiza Encontro Territorial debate Convivência com o Semiárido
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Nos dias 18 e 19 de fevereiro foi realizado, em Picuí (PB), na sede do Centro de Educação e Organização Popular (CEOP), um encontro territorial que envolveu agricultores e agricultoras dos municípios de Tacima, Cuité e Picuí. O evento reuniu aproximadamente cinquenta pessoas. O objetivo foi fazer avaliar as ações desenvolvidas no ano 2013 no âmbito da agricultura familiar e planejar as atividades para o ano em curso, tendo com ênfase as implementações que foram executadas através do Programa Uma Terra de Duas Águas (P1+2).
Os agricultores e agricultoras participaram com muita alegria dos dois dias do encontro. No início aconteceu uma mística onde as pessoas já começaram a vivenciar um momento de integração e colhida por parte dos facilitadores e facilitadoras. Após esse momento, aconteceu a partilha dos agricultores e agricultoras com o eles e elas tinham vivenciado em 2013, ano de um longo período de estiagem. No compartilhamento, foram pontuadas as alternativas encontradas para manter a criação animal mesmo na escassez de foragem. O agricultor Juranildo, no seu depoimento, se reportou à estiagem que enfrentou o ano passado, mas, mesmo assim, manteve a criação. Ele apenas teve que reduzir o número de animais, mas não perdeu a variedade do que ele cria na sua propriedade. Juranildo lembra ainda que a cada período longo de estiagem é preciso procurar alternativas para continuar convivendo com o
Semiárido, sem destruir o meio ambiente e preservando o que de belo existe no nosso roçado.
Atividade envolveu agricultores e agricultoras | Foto: Cantarelly Mello |
A agricultora Raimunda e os demais fizeram a memória do ano passado que mesmo sendo um ano seco, foi rico em experiências, uma vez que, o P1+2, para além das implementações, possibilitou momentos de formação, onde eles e elas tiveram a oportunidade de participar de intercâmbios intermunicipal e interestadual, bem como outros momentos de trocas de saberes nos eventos da ASA Paraíba.
Para uma boa vivencia no Semiárido, é necessário também refletir e mudar comportamentos que colocam as mulheres agricultoras em situação de desigualdades sociais, com apresentação do vídeo do Polo da Borborema “A Vida de Margarida”. Após a apresentação, foi realizada uma discussão onde as pessoas puderam refletir as situações de subserviência e violência que ainda se encontram muitas mulheres camponesas. Para o Semiárido ser ainda mais viável, é necessário e urgente que possamos desconstruir comportamentos e atitudes que colocam as mulheres em situação de desvantagem na agricultura, nos movimentos sociais, enfim nas esferas do poder. Assim sendo, a plena agroecologia é o caminho viável para que os trabalhos das mulheres sejam reconhecidos, valorizados, ou seja, visibilizados, e que nenhuma mulher seja espancada, agredida, violentada e oprimidas no espaço da agricultura familiar.
*Aparecida Firmino é coordenadora do CEOP
**Cantarelly Mello é comunicador popular da ASA