Facebook cria central de prevenção ao bullying no Brasil
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O Facebook aproveitou a volta às aulas para lançar a versão brasileira de sua central de prevenção ao bullying nesta terça-feira (16). Em parceira com Unicef e Safernet Brasil, a iniciativa é voltada a estudantes, pais e professores e vai ao ar pouco mais de uma semana após entrar em vigor a lei que obriga escolas e clubes a adotarem medidas de prevenção e combate ao bullying.
O Facebook é a maior rede social do mundo, com 1,59 bilhão de usuários, e possui outros serviços populares como os aplicativos Instragram, de fotos, e WhatsApp, de mensagens. O Brasil possui uma das maiores populações no site, sobretudo jovens. “Se a gente não tornar a rede mais segura, sabemos que nossos usuários não estarão nela”, afirmou Bruno Magrani, diretor de políticas públicas da empresa.
Criada em 2013 nos Estados Unidos com a ajuda da Universidade de Yale, a central é um hub de informações para identificar adolescentes em situações de assédio ostensivo e quais atitudes tomar em relações a isso. As abordagens são específicas para cada grupo, ou seja, alunos recebem orientações diferentes das dadas a docentes e pais. Já presente em 52 países, dos quais o último a receber foi o México, a central foi adaptada para o contexto brasileiro com a ajuda da Unicef, braço da ONU para crianças e adolescentes, e da Safernet, ONG de segurança digital (Veja aqui).
Diálogo com os pais
Gabriela Mora, oficial do programa de cidadania dos adolescentes do Unicef, explique que, em outros países, aconselhar a vítima de bullying a falar com o agressor funciona, como ocorre em versões estrangeiras do programa. No Brasil, porém, isso poderia intensificar as hostilizações. Por isso, a central estimula que o diálogo entre pais e professores com os alunos.
Além de dicas como essa, há uma lista das ferramentas já disponíveis no Facebook para denunciar conteúdo, configurar aspectos da privacidade na rede social e implantar medidas de segurança. “As medidas atuais são tomadas depois de o bullying já ter ocorrido. Agora o Facebook quer prevenir”, diz Magrani.
As regras de comunidade do Facebook já possui um capítulo sobre bullying e assédio. Avisa que pode remover páginas, imagens alteradas, fotos, vídeos e informações criadas par humilhar outros usuários. A rede social não informa a quantidade de conteúdo desse tipo já retirado do ar.
Não manda nudes
A central possui também canais a que as vítimas podem recorrer, como um chat da Safernet em que podem conversar com psicólogos. Dentre as solicitações de ajuda psicológica recebidas pela ONG a respeito de problemas na internet, o bullying é o segundo maior gerador de insatisfação de jovens — perde apenas para o vazamento de imagens íntimas, os “nudes”.
Rodrigo Nejm, diretor de educação da Safernet, diz que o hub de informações “desmistifica esse conceito de nativo digital”. “A gente supõe que eles [adolescentes] estão habilitados a dominar as ferramentas digitais”, o que não quer dizer que possuem “discernimento para usar essas ferramentas com capacidade crítica”. “Relações éticas e sustentáveis não se aprendem apertando um botão.”
Bullying, a lei
O lançamento da central de prevenção ao bullying no Brasil por parte do Facebook coincide com o Programa de Combate à Intimação Sistemática (Bullying), iniciativa do governo federal que entrou em vigor no começo de fevereiro.
Segundo o texto da lei, bullying é “a prática de atos de violência física ou psíquica exercidos intencional e repetidamente por um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas com o objetivo de intimidar ou agredir, causando dor e angústia à vítima”.
Já o Facebook, “o bullying (ou intimidação sistemática) se manifesta como violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação.” E completa: “o bullying é uma forma de violência e pode acontecer de várias maneiras diferentes com jovens de todos os tipos”.
O caráter digital também consta na lei. O cyberbullying ocorre “quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial”.
A lei chega a descrever a “intimidação sistemática” na internet como o ato de “depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social”.
Com G1