Facebook pagou por transcrição de arquivos de áudio de usuários

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O Facebook pagou centenas de terceirizados para transcrever arquivos de áudio dos seus usuários, segundo reportagem publicada pela agência de notícias Bloomberg nesta terça-feira (13).

De acordo com o texto, que cita como fonte pessoas familiarizadas com o assunto, os terceirizados não foram informados sobre onde os áudios foram gravados e como foram obtidos, apenas receberam a tarefa de transcrever as mensagens.

Os trabalhadores estariam ouvindo conversas de usuários, algumas com “conteúdo vulgar”, sem saber por que o Facebook queria a transcrição, afirma a reportagem.

Ainda de acordo com a Bloomberg, o Facebook confirmou que tem feito a transcrição de áudios de usuários e disse que não vai manter a prática. “Nós paramos a revisão humana dos áudios há mais de uma semana”, afirmou à Bloomberg.

O Facebook disse que usuários afetados teriam escolhido, no aplicativo de mensagens, a opção de ter seus áudios transcritos.

Os terceirizados estariam checando se a inteligência artificial do Facebook interpretou corretamente as mensagens, mas sem saber a identidade do autor do conteúdo.

Grandes empresas como Amazon e Apple também foram criticadas recentemente por coletar áudios e submeter o conteúdo a revisão humana, o que coloca em discussão o respeito à privacidade dos usuários.

Em abril, a Bloomberg fez uma reportagem dizendo que a Amazon tinha uma equipe com milhares de trabalhadores espalhados pelo mundo ouvindo os pedidos feitos por usuários ao sistema de assistência digital Alexa.

A reportagem afirmava que a prática era usada também pelo sistema Siri, da Apple, e pelo Assistant, do Google.

Segundo a Bloomberg, ao menos uma empresa que faz essa revisão das conversas é a TaskUs Inc., baseada na Califórnia e com representações em vários países.

O Facebook é um dos maiores clientes da TaskUs, mas os empregados não podem mencionar publicamente para quem trabalham. Eles chamam o cliente pelo codinome “Prism”, diz a reportagem.

Em julho, a FTC (na sigla em inglês, Comissão Federal de Comércio, órgão de defesa do consumidor dos Estados Unidos) fechou um acordo de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) com o Facebook, por uso indevido de informações pessoais de usuários.

A investigação começou depois de relatos de que dados pessoais de dezenas de milhões de usuários do Facebook foram indevidamente passados à Cambridge Analytica, empresa de dados que trabalhou na campanha de Donald Trump em 2016.

Em 2018, o presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, chegou a ser pressionado por investidores a abandonar o conselho da companhia diante de uma série de episódios ligados a violações de privacidade e falta de transparência.

Redação