Internautas usam humor e memes para ironizar falta de segurança em João Pessoa
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Atualmente, o mundo está cada vez mais ligado as redes sociais. Essas novas plataformas permitem que os usuários exponham opiniões de maneira livre para um grupo de amigos ou publicamente. Entre os ‘memes’, conteúdos virais dessas redes, é fácil encontrar pessoas que utilizam o humor para falar sobre situações sociais difíceis como violência, por exemplo. Mas será que esse tipo de conteúdo pode ser considerado um protesto ou apenas uma forma de usar a internet como ‘válvula de escape’? Para os donos da página ‘Hipster Pessoensse‘ é apenas uma conscientização bem humorada; para uma especialista em redes sociais pode ser considerada uma forma de protesto; já para uma doutora em educação com especialização em Segurança Publica, a internet é um mundo livre onde é necessário saber ser utilizada.
A página ‘Hipster Pessoense’ surgiu no fim de 2012 com a proposta de usar o bom humor e a ironia para retratar as situações que os pessoenses passam no dia a dia.
Eles não consideram os posts uma forma de protestos, mas uma conscientização bem humorada e com alto teor de acidez. A página aborda os mais variados tipos de situações que acontecem com os moradores da Capital, sendo algumas dessas que visam a alertar os seguidores da página para os problemas da cidade, em busca de soluções, mas também utilizam isso como maneira de rir.
As pessoas que curtem a Hipster Pessoense são desde jovens até senhores de idade, como comenta um dos administradores da página que prefere não ser identificado. Ele ainda falou que tudo começou como uma brincadeira, mas cresceu muito rápido. Atualmente a página tem mais de 46 mil seguidores no Facebook e 21 mil no Instagram. O projeto recebe várias sugestões de posts os autores se sentem felizes por essa receptividade dos pessoenses.
Especialistas comentam
A doutora em educação, com especialidade em Segurança Publica, Nazaré Zenaide, comentou que para ser protesto, é necessário um posicionamento de um grupo, uma forma de participação física, onde na internet não é permitido. Mas também ressaltou que é importante o uso das redes para a organização desses protestos, para denúncias e exposição de opiniões. Quando alguém passa a se expressar de forma exagerada sobre uma pessoa, está violando os direitos daquela e pode acabar prejudicando a imagem. “Todos têm o direito de utilizar essas redes como quiserem desde que não afete pessoas sem dar o direito de defesa. Demonstrar a insatisfação por algo, não é proibido, desde que não viole os direitos de cada um”, afirma. Segundo ela, a internet é um ótimo instrumento de comunicação, que permite notícias instantâneas, mas precisa ser bem utilizada.
Para Carol Crozara, especialista em redes sociais, não tem como definir entre correto e não correto. É extremamente normal as pessoas utilizarem as redes sociais para expressarem suas crenças e seus ideais, assim como seu cotidiano. “Nas relações sociais fora do digital falamos sobre nossos descontentamentos e muitas vezes utilizamos de humor para lidar com situações diversas; nas redes sociais acontece a mesma coisa. A percepção das pessoas transita cada vez mais entre o digital e o offline e cada vez menos é possível separar a maneira das pessoas lidarem com as coisas no on e no off, pois cada vez mais essa barreira inexiste. O digital e as redes sociais já fazem parte da vida das pessoas, não existe uma vida separada nas redes sociais e outra vida no dia a dia presencial, em ambos ambientes somos nós nos expressando”, comenta.
“Os memes são formas de expressão e podem ser utilizados para protestar, demonstrar apoio, dar opinião, criticar, enfim, qualquer situação. Para mim, de maneira nenhuma isso é uma futilidade, se afirmasse isso estaria dizendo que as expressões utilizadas no digital só fazem sentido lá, e isso não é verdade. Nós já tínhamos memes antes do digital, agora apenas existe novas de plataformas e formatos para eles”, completa a especialista.
Carol também fala sobre pessoas que se unem através dessas ações ou lutam por uma causa. “As gerações mais jovens não têm essa distinção da vida real com a vida virtual, pois elas já nasceram inseridas em ambos os contextos e transitam entre os dois sem nenhuma dificuldade. A junção de pessoas com uma mesma cresça, seja para criticar ou apoiar algo, é extremamente comum, e isso acontece também nas redes sociais, com a utilização de memes. Existem grupos virtuais que organizam protestos presenciais e é aí que a linha que separa o on do off some, provando que essa separação realmente não existe”, finaliza.
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