Novas missões para a NASA
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Em abril desse ano a Nasa havia lançado uma chamada para financiamento de missões espaciais para a próxima década. Além de estar limitada em 850 milhões de dólares, a proposta deveria propor uma missão que se encaixasse dentre um dos seguintes objetivos: uma missão de coleta e retorno de amostra de um núcleo de cometa, uma missão de coleta e retorno de amostra de solo de regiões polares no sul da Lua, uma missão para estudar um dos corpos celestes com oceanos, como Encélado e/ou Titã, uma sonda com destino a Saturno, uma missão destinada a estudar um asteroide Troiano (que compartilha a mesma órbita de Júpiter) ou uma missão de pouso em Vênus.
Dragonfly
A chamada faz parte do programa Novas Fronteiras da Nasa que já contemplou as missões New Horizons (com destino a Plutão e que está em curso para se encontrar com um objeto do Cinturão de Kuiper em 2019), a sonda Juno (atualmente operando em torno de Júpiter) e a OSIRIS-REx (a caminho do asteroide Bentu para recolher e depois trazer uma amostra dele).
Foram recebidas 12 propostas e apenas duas foram selecionadas para a próxima fase, chamada de estudo de conceito.
A fase de estudo de conceito recebe algum dinheiro para as equipes dos projetos continuarem a planejar e já começarem a desenvolver os equipamentos necessários, mas também a logística das missões. Das 12 propostas, foram selecionadas a missão CAESAR, acrônimo de “Retorno de Amostra e Exploração da Exobiologia de Cometa” e a Dragonfly (libélula, em inglês).
A missão CAESAR pretende pousar um sonda no núcleo do cometa 67P/Gerasimenko-Churyumov para coletar e retornar uma amostra dele. O objetivo é estudar sua origem e evolução. Se você está achando esse nome familiar, você está certo. Esse foi o cometa estudado pela sonda Rosetta da Agência Espacial Europeia em 2014. Além de orbitar o núcleo, a Rosetta desprendeu uma sonda de pouso, a Philae, que apesar de quicar 2 vezes e parar apoiada em um barranco, cumpriu a maior parte de sua missão. Os dados obtidos da Philae mostraram um ambiente muito interessante, com compostos orgânicos importantes para construção de moléculas mais complexas que formam a base da vida. Retornar uma amostra desse material é a motivação maior da missão proposta.
Já a Dragonfly parece coisa de ficção científica. A sonda será um drone com 4 rotores duplos que irá pousar em algumas dúzias de locais para estudar e explorar a bioquímica e a habitabilidade deles em Titã. Isso é possível por causa da densa atmosfera da maior lua de Saturno. Os locais de pouso estarão separados por centenas de quilômetros e em cada lugar visitado o drone e além do estudo bioquímico, deverá monitorar a atmosfera, obter imagens das formações geológicas e até mesmo estudar a atividade sísmica de Titã. Além dos estudos geológicos, as imagens vão ajudar na seleção de locais de pouso de missões mais ambiciosas no futuro.
Outras duas propostas receberam uma espécie de ‘menção honrosa’, sendo consideradas merecedoras de mais estudos. Elas vão receber recursos para desenvolver alguma tecnologia envolvida na missão proposta, mas que ao menos nesse momento não serão financiadas totalmente. Uma delas é a ELSAH (Assinaturas de Vida e Habitabilidade de Encélado, em inglês) que receberá recursos para desenvolver uma metodologia mais barata de garantir que a nave esteja totalmente estéril para garantir que o local estudado não fique contaminado com microorganismos terrestres quando ela pousar.
A segunda proposta é a VICI (Investigação in Situ da Composição de Vênus, em inglês) que seria uma sonda de pouso no planeta Vênus, coisa que não acontece desde 1985 com as sondas soviéticas Vega. Nesse caso, a Nasa deverá financiar o estudo para construir equipamentos que consigam sobreviver às condições de ambientes extremos como em Vênus, que tem pressão atmosférica 90 vezes maior que a pressão atmosférica terrestre e por volta de 450ºC de temperatura.
Ao longo de 2018 os dois projetos vão receber recursos para desenvolver e amadurecer os conceitos envolvidos nas missões e no começo de 2019 o projeto vencedor será selecionado. Isso não significa que o segundo colocado seja descartado, em várias ocasiões ele acaba sendo lançado em outras condições mais tarde. A missão vencedora deverá voar no meio da década de 2020, se tudo correr conforme o previsto.
Redação