Saiba qual a diferença entre a bomba de hidrogênio e a bomba atômica

Por - em 9 anos atrás 758

bombaA Coreia do Norte anunciou nesta quarta-feira (6) que realizou com sucesso testes com uma bomba nuclear de hidrogênio – muito mais potente que a bomba atômica. O uso da arma nuclear ainda não foi confirmado pela comunidade internacional, mas um tremor de 5,1 graus de magnitude perto da principal zona de testes nucleares da Coreia do Norte, no nordeste do país, foi detectado. O teste, no entanto, foi recebido com bastante ceticismo por parte das potências mundiais e especialistas, que declararam que, se uma bomba de hidrogênio, ou bomba H, tivesse realmente sido detonada, os abalos sísmicos deveriam ter sido muito maiores.

A desconfiança se dá porque os tremores registrados provavelmente condizem com a explosão de uma bomba atômica, ou bomba A. Esse tipo de bomba, como a que foi jogada sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki durante a II Guerra Mundial, utiliza o princípio da fissão nuclear e funciona por meio da fragmentação de átomos como urânio e plutônio. O poder da bomba de urânio lançada sobre Hiroshima foi de cerca de 15 quilotons (1 quiloton equivale a 1 000 toneladas de dinamite) e a da bomba de Nagasaki, de plutônio, de aproximadamente 21 quilotons.

Já a bomba de hidrogênio, que foi detonada pela primeira vez em um teste americano nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, em 1952, consegue sua energia a partir da fusão nuclear, ou seja, ela funde átomos de hidrogênio em um processo semelhante ao que ocorre no centro do Sol para gerar a energia e luminosidade do astro. Por isso, esse tipo de arma exige muita energia para ser detonada e utiliza uma bomba de fissão (a bomba atômica) como gatilho. A bomba de hidrogênio, também conhecida como bomba termonuclear, requerer tecnologia e engenharia sofisticadas e produz explosões que são milhares de vezes mais poderosas que as de uma bomba atômica convencional. Para se ter uma ideia de seu poder, a maior bomba de hidrogênio que já explodiu, a soviética “Tsar Bomba”, detonada em 30 de outubro de 1961 acima do Ártico, gerou uma energia de 57 megatons (1 megaton equivale a 1 milhão de toneladas de dinamite), quase 4.000 vezes mais do que a bomba de Hiroshima.

Por isso, os especialistas acreditam que a explosão da bomba de hidrogênio em miniatura anunciada pela Coreia do Norte provavelmente chegou apenas ao primeiro estágio – a da detonação da bomba atômica que serve de gatilho para a bomba H. Segundo Crispin Rovere, um especialista em política nuclear e controle de armamentos baseado na Austrália, o terremoto de magnitude de 5,1 detectado nas instalações norte-coreanas de Punggye-ri é muito pequeno para uma bomba como a que Pyongyang anunciou. “Os dados sísmicos que recebemos indicam que a explosão está provavelmente abaixo do que se poderia esperar do teste de uma bomba H”, disse Rovere. “Parece como se tivessem realizado com êxito o teste nuclear, mas sem completar a segunda fase, a da explosão de hidrogênio.”

Bomba atômica

atomica.jpg

 
Desenvolvida pelo físico americano Robert Oppenheimer no final da II Guerra Mundial, a bomba atômica, ou apenas “Bomba A” é uma bomba de fissão nuclear, que funciona por meio da fragmentação de átomos como urânio e plutônio. Os núcleos dos átomos (normalmente os escolhidos para o processo são os isótopos urânio-235 e plutônio-239, que se dividem com facilidade) são bombardeados por nêutrons e se desintegram, gerando uma quantidade enorme de energia. Durante o processo, ocorre uma reação em cadeia, pois os núcleos bombardeados liberam nêutrons que, por sua vez, atingem outros núcleos atômicos e fazem com que eles também se desintegrem – é isso que causa a explosão. O poder de uma bomba atômica é imenso: a bomba de urânio lançada sobre Hiroshima em 1945, conhecida como “Little Boy”, foi de cerca de 15 quilotons (1 quiloton equivale a 1.000 toneladas de dinamite). Estima-se que 70.000 pessoas foram mortas e um número equivalente de pessoas ficou ferida. O poder da bomba de Nagasaki, de plutônio, conhecida como “Fat Man”, era de por volta de 17 quilotons.

Bomba de Hidrogênio

hidrogênio.jpg

 
A Bomba de Hidrogênio, ou simplesmente “Bomba H”, teve seu desenvolvimento chefiado pelo físico americano de origem húngara Edward Teller e sua primeira explosão ocorreu em 1952, em um teste americano nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico. A grande capacidade de destruição dessa bomba termonuclear se explica por seu processo de obtenção de energia, a partir da fusão de átomos de hidrogênio, um tipo de reação que ocorre no interior do Sol e em outras estrelas para gerar energia. Por ser tão poderosa, reação exige muita energia para ser iniciada – cerca de 50 milhões de graus Celsius são necessários para fundir deutério e trítio, isótopos de hidrogênio normalmente usados nas bombas H, e é preciso por volta de 400 milhões de graus Celsius para fundir dois átomos de trítio. Na bomba de hidrogênio, essa energia vem de uma bomba atômica, que serve como “gatilho” para a reação em cadeia. A bomba de hidrogênio é, portanto, uma combinação entre uma reação de fissão (bomba atômica) e de fusão nuclear. O resultado são explosões milhares de vezes mais poderosas que as de uma bomba atômica convencional. Para se ter uma ideia, a maior bomba de hidrogênio que já explodiu, a soviética “Tsar Bomba”, detonada em 30 de outubro de 1961 acima do Ártico, gerou uma energia de 57 megatons (1 megaton equivale a 1 milhão de toneladas de dinamite), quase 4.000 vezes mais do que a bomba de Hiroshima. As bombas de hidrogênio, até hoje, só foram detonadas em testes.

180 Graus