Bolsonaro diz que ‘sistema me quer morto’ e critica velocidade de processo

Por Wilton Junior/Estadão Conteúdo - em 3 minutos atrás 1

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à agência Reuters, que está sendo perseguido pelas instituições brasileiras e que “o sistema” prefere vê-lo morto a preso. A declaração foi feita nesta sexta-feira (18), após uma nova operação da Polícia Federal em sua casa e em seu escritório político, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu preso vou dar problemas para eles. Já passei pela morte mergulhando, saltando de paraquedas e na facada. O sistema me quer morto”, disse Bolsonaro, ao comentar o andamento das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.

Na entrevista, o ex-presidente também afirmou que nunca viu um processo judicial caminhar tão rapidamente. Seu julgamento está marcado para 20 de agosto. “Com meus 70 anos de experiência de vida, sei que tudo pode acontecer”, afirmou. O STF determinou uma série de restrições ao ex-presidente, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, o bloqueio de passaporte e a proibição de uso das redes sociais. Bolsonaro também está impedido de manter contato com diplomatas, embaixadores e com o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.

As medidas foram mantidas por maioria da Primeira Turma do Supremo em sessão virtual. Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou ter recebido as medidas com “surpresa e indignação”, alegando que ele sempre respeitou as ordens da Justiça. Durante a operação da PF, foram apreendidos dinheiro em espécie, um celular e um pen drive, encontrado em um banheiro da residência. Bolsonaro disse desconhecer o dispositivo e chegou a insinuar que ele poderia ter sido plantado: “Nunca abri um pen drive na vida. Nem tenho laptop em casa.” Mais tarde, voltou atrás: “Vou perguntar para a minha mulher se o pen drive era dela.”

O ministro Alexandre de Moraes justificou as medidas com base em indícios de que Bolsonaro teria atuado para interferir no processo eleitoral, instigar ataques às instituições e tentar obter benefícios políticos em troca de vantagens a governos estrangeiros. Em seu voto, Moraes citou Machado de Assis: “A soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional.” Bolsonaro classificou o uso da tornozeleira como uma “suprema humilhação” e reafirmou não ter participado de nenhuma tentativa de golpe.

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