Deportação de professor e prisões da PF afastam terrorismo, diz ministro
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Homens da Polícia Rodoviária Federal estão prontos para Olimpíada (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)
O ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, falou novamente, no início da noite desta quinta-feira (21), sobre prisão das 10 pessoas por suposta ligação com o Estado Islâmico, em operação da Polícia Federal. Segundo Moraes, a ação desta quinta, junto com a deportação, na sexta-feira (15), do físico e professor da UFRJ Adlène Hicheur, condenado por terrorismo na França, puseram fim a todas as possíveis ameaças detectadas de atentados durante a Olimpíada.
“Com a prisão deles e a deportação [do professor] nós afastamos os dois únicos focos, que já estavam sendo rastreados, de possibilidade ainda que remota de terrorismo das Olimpíadas”, disse Moraes.
Moraes voltou a dizer que a célula era “amadora” e só dois pares já se conheciam pessoalmente. Os outros seis agiam isoladamente, de acordo com a investigação. De acordo com ele, uma dupla teria se conhecido na prisão, enquanto cumpria pena por homicídio.
Questionado sobre o monitoramento dos suspeitos, já que o WhatsApp foi bloqueado mais de uma vez pela Justiça brasileira justamente por não fornecer dados para investigações, o ministro voltou a se negar dar detalhes.
“Em lugar algum do mundo se comenta obre a questão de inteligência da operação. Não seria aqui no Brasil”, argumentou, repetidas vezes.
A declaração foi dada na sede da Polícia Rodoviária Federal do Rio, onde Moraes foi conhecer a estrutura destinada às atividades de segurança viária, controle de tráfego, segurança e proteção de chefes de estado da Olimpíada.
Mais cedo, o ministro disse que os investigados na operação não tiveram contato com membros do Estado Islâmico e que se trata de uma “célula absolutamente amadora”, porque não tinha “nenhum preparo”.
“Mas obviamente que não podemos – nenhuma força de segurança – ignorar isso. […] Só o fato de começarem atos preparatórios, não seria de bom senso aguardar para ver, e o melhor era decretar a prisão deles”, afirmou Moraes.
A operação
A duas semanas do início da Olimpíada do Rio, a Polícia Federal realizou pela manhã uma operação sigilosa de combate ao terrorismo que prendeu dez pessoas em sete estados, informou o Ministério da Justiça.
Foram as primeiras prisões no Brasil com base na recente lei antiterrorismo, sancionada em março pela presidente afastada, Dilma Rousseff. Também foram as primeiras detenções por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, mas tem cometido atentados em várias partes do mundo.
O governo e a PF não divulgaram os nomes dos detidos nem para onde eles foram levados.
Além das prisões, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em dez estados – São Paulo (8); Goiás (2); Amazonas (2); Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Minas Gerais e Mato Grosso (um em cada). Houve ainda duas conduções coercitivas, em São Paulo e Minas Gerais.
Moraes disse que o grupo mencionava a intenção de comprar um fuzil AK-47 em uma loja clandestina no Paraguai.
Segundo Moraes, os investigados na operação, batizada de Hashtag, nunca tinham se encontrado pessoalmente e eram monitorados há meses pela polícia. Eles costumavam se comunicar pela internet, por meio dos aplicativos de mensagem instantânea WhatsApp e Telegram.
Questionado sobre como foi o monitoramento dos suspeitos, já que o WhatsApp foi bloqueado mais de uma vez pela Justiça brasileira justamente por não fornecer dados para investigações, o ministro inicialmente não quis responder. Depois disse que revelar como se deu o monitoramento atrapalharia a investigação.
Detidos
“Hoje, culminou na primeira operação que teve como alvo uma suposta célula terrorista no Brasil. Foram presos 10 indivíduos”, disse Alexandre de Moraes na entrevista concedida na sede do Ministério da Justiça.
O suposto chefe do grupo, informou Moraes, é de Curitiba. Um suspeito foi preso em Manaus. Outro, de 26 anos, foi detido na área rural do município gaúcho de Rolante, em uma localidade chamada de Açoita Cavalo. Em São Paulo, as prisões ocorreram em Amparo, Campinas, Guarulhos e na capital.
De acordo com a Polícia Federal, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal do Paraná, expediu 12 mandados de prisão temporária por 30 dias, podendo ser prorrogadas por mais um mês. Moraes afirmou que os dois suspeitos ainda soltos estavam no “radar” dos policiais e que devem ser detidos em breve.
O juiz também expediu dois mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento) e 19 de busca e apreensão.
Conforme Alexandre de Moraes, um dos mandados de condução coercitiva é contra o diretor-presidente de uma ONG, para que esclareça palestras em que teria feito apologia ao Estado Islâmico.
G1