Empresário é apontado como operador de esquema que pode respingar na Paraíba

Por Redação - em 6 minutos atrás 1

Preso no Centro de Observação Penal do Complexo Penitenciário de Salvador, na Bahia, desde o último dia 10, o empresário José Marcos Moura é suspeito de ser a figura central em uma suposta organização criminosa que teria desviado 1,4 bilhão de reais em recursos oriundos de emendas parlamentares.

Ele foi preso junto com outras pessoas através da Operação Overclean, na qual os agentes apuram como se estruturava o suposto esquema de desvio de dinheiro público e fraudes em diversas licitações.

Conhecido como ‘Rei do Lixo’, José Marcos de Moura é proprietário de um grupo empresarial que atua no ramo de limpeza urbana em dezessete estados do país. Um dos principais focos de José Marcos é, justamente, Salvador, cidade pela qual ele tem ligação com o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil).

A PF, aliás, já apontou para a existência de indícios de que o empresário tinha em ACM Neto o elo para destravar negócios do grupo empresarial, feitos através de desvios de emendas. O ex-prefeito da capital baiana não foi alvo da operação, mas disse que não tem relação com qualquer ato ilícito.

Influência no União Brasil

O empresário faz parte do diretório e da executiva nacional do União Brasil, sendo figura próxima a caciques da sigla. Um deles é o atual prefeito de Salvador, Bruno Reis. Só na capital baiana, José Marcos é responsável por um contrato de 427 milhões de reais para administrar a limpeza urbana. O contrato foi fechado através do consórcio Ecosal, de propriedade do empresário, em 2018, e segue em vigor.

Mas a influência cresceu, sobretudo, em 2024. Segundo a PF, isso se deve à proximidade entre o empresário e o atual prefeito do União Brasil, Antonio Rueda, eleito para o posto em fevereiro deste ano. Neste ano, o empresário movimentou 824 milhões de reais no esquema, valor que representa mais da metade dos contratos supostamente fraudados dos últimos quatro anos.

O valor desviado era relacionado a emendas parlamentares que teriam como destino o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) e várias prefeituras. Para isso, licitações eram fraudadas e superfaturadas.

Uma das cidades onde o esquema seria operado era Juazeiro (BA). A PF constatou o esquema no município após identificar mensagens entre José Marcos e Ana Paula Magalhães, chefe de gabinete do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). No diálogo, o empresário pede à assessora uma ajuda para liberar uma emenda que poderia destinar 14 milhões de reais para uma licitação na cidade baiana.

Quem já indicou que o esquema pode atingir as estruturas do União Brasil foi o ex-presidente da sigla, Luciano Bivar. Nesta semana, o deputado federal disse que a “milícia do Rio de Janeiro é ‘trombadinha’ perto do que políticos da cúpula do partido fazem”, em referência ao caso revelado pela PF.

O esquema, segundo a PF, era detalhado. Um dos documentos apreendidos pelos investigadores com o empresário é uma planilha que expressa o alcance nacional da prática de desvio de emendas e fraudes a licitações. O documento mostra o monitoramento de diversos estados – entre eles, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Pará e Pernambuco, entre outros -, com cifras, nomes de responsáveis e projetos.

“Entre os documentos apreendidos, destacou-se uma planilha encontrada em posição de destaque, que chamou a atenção da equipe de abordagem. O documento apresentava uma relação detalhada de valores, entidades, pessoas vinculadas e possíveis contratos”, afirmou a PF.

Um dos pontos a serem revelados nos próximos capítulos do caso é se José Marcos aceitará ou não uma proposta de colaboração premiada, que já foi oferecida pelos investigadores.

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