
Exilado na Espanha, opositor de Maduro diz por áudio que continuará ‘a luta’ pela ‘liberdade’ da Venezuela
Por Com informações da AFP - em 7 meses atrás 10
O opositor Edmundo González Urrutia, rival do presidente de esquerda Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho, afirmou que continuará “a luta” pela “liberdade” da Venezuela a partir do exílio na Espanha, onde chegou neste domingo (8). “Confio que em breve continuaremos a luta para alcançar a liberdade e a recuperação da democracia na Venezuela”, disse o diplomata de 75 anos, que reivindica sua vitória nas eleições, em um áudio de 41 segundos divulgado por sua equipe de imprensa.
Exílio na Espanha
O avião da Força Aérea Espanhola que transportava González e sua esposa, pousou na base Torrejón de Ardoz, perto de Madri, pouco depois das 16h00 locais (11h00 de Brasília), informou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado. “A partir de agora, começarão os trâmites para o pedido de asilo, cuja resolução será favorável com base no compromisso da Espanha com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos e venezuelanas, especialmente dos líderes políticos”, acrescenta a nota.
“Dia triste”
A saída da Venezuela de González Urrutia acontece em meio a uma crise iniciada com as eleições presidenciais nas quais Maduro foi oficialmente reeleito para um terceiro mandato de seis anos, apesar das denúncias de fraude apresentadas pela oposição.
“Hoje é um dia triste para a democracia na Venezuela”, afirmou o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, em um comunicado no qual destaca que “na democracia, nenhum líder político deveria ser forçado a buscar asilo em outro país”.
“A UE insiste que as autoridades venezuelanas acabem com a repressão, as detenções arbitrárias e o assédio contra membros da oposição e da sociedade civil, assim como libertem todos os presos políticos”, acrescenta a nota.
González, que estava escondido desde 30 de julho, passou um período na embaixada da Holanda em Caracas antes de seguir para a embaixada da Espanha em 5 de setembro, explicou Borrell.
O candidato opositor reivindica a vitória nas eleições que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), terminaram com a reeleição de Maduro. O CNE não divulgou as atas de votação de cada seção eleitoral, com a lei exige, alegando que seu sistema foi alvo de um ataque de hackers.
O fim de uma “comédia”
A viagem de González foi antecipada no sábado pela vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que afirmou que o governo concedeu os salvo-condutos apropriados em nome da tranquilidade e da paz política do país”.
O horizonte jurídico de González ficou muito complicado nos últimos dias. A justiça venezuelana, acusada de servir o chavismo, investiga o candidato pela divulgação de cópias das atas de votação em um site que atribui ao opositor a vitória na eleição presidencial.
Um tribunal com jurisdição para casos de terrorismo ordenou sua detenção em 2 de setembro, por investigações de crimes que incluem “desobediência às leis”, “conspiração”, “usurpação de funções” e “sabotagem”, depois que Urrutia não compareceu a três citações judiciais.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que a partida de González Urrutia representa o fim de “comédia”. “Eu diria que termina a breve temporada de uma peça humorística, de um gênero que eu poderia dizer de comédia, de teatro bufão, que começou neste ano de 2024 e que foi chamada de maneira fatídica de ‘Até o final’”, ironizou Saab, em referência a um slogan de campanha da oposição.
A oposição liderada por María Corina Machado afirma que o site no qual digitalizaram as cópias das atas de votação obtidas por testemunhas nas seções eleitorais comprova a vitória de González Urrutia com mais de 60% dos votos.
O governo alega que o material é fraudulento e repleto de inconsistências. Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina rejeitaram o resultado anunciado pelo CNE e pediram uma verificação dos votos. A proclamação da vitória de Maduro, com 52% dos votos, desencadeou protestos em todo o país que deixaram 27 mortos, 192 feridos e 2.400 detidos.