Impasse entre Dilma e o PMDB prolonga reforma ministerial

Por - em 11 anos atrás 554

A última semana em Brasília mostrou mais uma vez como é sensível a relação entre a presidente Dilma Rousseff e as várias alas do PMDB, principal sócio do PT no governo federal. Na busca de uma solução para o mais novo impasse político, com vista às eleições de outubro, Dilma aproveitará uma viagem a São Paulo, na próxima segunda-feira, para se aconselhar com seu mentor político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Até lá, a presidente vem tratando da mudança de cadeiras nos ministérios com outros partidos. É esperado que nas próximas semanas Dilma receba representantes de legendas que ainda não compõem a base aliada, mas que ganharão espaço em troca de apoio na corrida presidencial.

A primeira etapa da reforma foi feita com ministros filiados ao PT: saíram Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha para disputar eleições estaduais. Com a indicação de Lula, Arthur Chioro foi nomeado ministro da Saúde. Para a Casa Civil, Dilma ofereceu mais poder a Aloizio Mercadante, até então ministro da Saúde. Na Educação, quem comanda a pasta é José Henrique Paim, que era secretário-executivo. “Foi uma solução caseira”, nas palavras de um interlocutor da Presidência.

A propósito, Mercadante já mudou o perfil da Casa Civil, agora mais política, e tem sido consultado pela presidente nas discussões sobre a reforma ministerial, ao lado do chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo. Fontes ligadas à presidente minimizam a guerra entre os partidos e veem normalidade na disputa por mais espaço na Esplanada. “É uma relação tensa, mas é normal de cada um querer ter mais espaço”, afirmou outro auxiliar da presidente.

É dado como quase certo no Palácio do Planalto que o atual presidente do Incra, Carlos Guedes, filiado ao PT, seja escolhido para substituir o correligionário Pepe Vargas no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Para a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Dilma ainda insiste em um empresário que faça interlocução com o setor produtivo.

Se quiser manter a base coesa para fazer uma campanha menos turbulenta, Dilma precisa resolver os seguintes impasses: agradar ao PMDB, que quer mais espaço, e abrir vaga no primeiro escalão do governo para PTB, o PP e o Pros. O arranjo que se desenha no momento é para que o PTB assuma o Ministério do Turismo e o PMDB, que já entregou o comando da pasta, ganhe outra pasta com mais orçamento, possivelmente a Secretaria Especial de Portos.

Outro ministério que entra na disputa dos partidos, além dos Portos, é o da Integração Nacional. Ambos eram comandados pelo PSB, de Eduardo Campos, que desembarcou do governo para encabeçar sua campanha à Presidência. Dilma vem fazendo as alterações ministeriais neste ano com mais cuidado, uma vez que desagradar a base aliada no momento pode lhe causar danos políticos na campanha pela reeleição.

Rebelião na Câmara

A bancada do PMDB na Câmara lidera a legião de descontentes da sigla com a reforma ministerial do governo Dilma. Na quarta-feira, deputados da legenda passaram a tarde reunidos e decidiram abrir mão de indicar nomes para a composição do governo. O PMDB da Câmara é responsável por dois ministérios da fatia do partido no Executivo: Agricultura e Turismo.

“A razão desta decisão deve-se a disputas políticas públicas por cargos, em que preferimos deixar a presidenta à vontade para contemplar outros partidos em função das suas conveniências políticas e/ou eleitorais”, divulgaram os deputados em nota após o encontro.

O descontentamento se agravou porque o nome do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) teria sido cotado para o Ministério da Integração Nacional em uma conversa entre Dilma e o presidente do Senado, Renan Calheiros, sem consulta prévia aos peemedebistas da Câmara.

A ideia era deixar Eunício de fora da disputa para o governo do Ceará, abrindo caminho para um candidato do governador Cid Gomes (Pros). O consenso entre peemedebistas era que o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) assumisse a titularidade da pasta. “Foi uma tentativa de matar um monte de problema com uma porrada só”, diz o vice-líder do PMDB na Câmara, Lúcio Vieira Lima (BA).

Terra 

    Sem tags.