
Trump anuncia tarifa de 100% contra a China e reacende temor de guerra comercial global
Por Redação - em 55 segundos atrás 1
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que vai impor uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro, em uma nova escalada da disputa comercial com Pequim. Atualmente, as taxas aplicadas pelos EUA sobre importações da China chegam a 30%. Em publicação na plataforma Truth Social, Trump afirmou que a decisão é uma resposta à “posição extraordinariamente agressiva” do governo chinês, que nesta semana anunciou novos controles de exportação sobre terras raras e tecnologias críticas.
Segundo o republicano, as medidas chinesas foram “planejadas há muitos anos” e representam “uma ameaça moral e econômica” às nações ocidentais. Além das tarifas, os Estados Unidos também vão aplicar restrições de exportação para todos os tipos de software considerado crítico na mesma data. O presidente indicou ainda que as sobretaxas poderão ser antecipadas, “dependendo das ações ou mudanças de postura da China”.
A iniciativa americana reacende o risco de uma nova guerra comercial em larga escala, semelhante à de início do ano, quando Washington e Pequim trocaram tarifas que chegaram a 145% e 125%, respectivamente. Segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional, a tarifa média dos EUA sobre produtos chineses já está próxima de 58%, enquanto a da China sobre bens americanos gira em torno de 37%.
O anúncio ocorre após o governo chinês ampliar o controle sobre a exportação de terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a produção de semicondutores, baterias, equipamentos militares e eletrônicos. A medida passou a exigir licenças especiais para qualquer produto — mesmo fabricado fora da China — que utilize materiais de origem chinesa. Pequim alega que a decisão busca “salvaguardar a segurança nacional e os interesses estratégicos do país”.
Trump classificou o movimento como uma “grande hostilidade comercial que surgiu do nada” e afirmou que não vê mais motivo para se encontrar com o presidente Xi Jinping, como estava previsto para o fim do mês, nos bastidores da cúpula da APEC, na Coreia do Sul.
Reação dos mercados
As declarações de Trump provocaram forte reação nos mercados globais. Ainda durante o pregão, as bolsas de Nova York registraram quedas acentuadas: o índice S&P 500 recuou 2,71%, o Dow Jones caiu 1,90% e o Nasdaq desvalorizou 3,56%, na maior perda percentual desde abril. No Brasil, o impacto também foi imediato. O dólar disparou 2,39%, encerrando o dia cotado a R$ 5,503, maior valor desde agosto. O Ibovespa caiu 0,72%, acompanhando a tendência global de aversão ao risco.
Analistas veem o novo embate entre as duas maiores economias do planeta como um teste de força geopolítica que pode afetar cadeias produtivas em setores estratégicos, especialmente os de tecnologia, energia e defesa “Os Estados Unidos têm posições monopolistas mais fortes e abrangentes que as da China. Eu simplesmente não as usei antes porque nunca houve motivo — até agora”, escreveu Trump.