Chuva renova esperança, muda paisagens e sertanejos comemoram

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Chuvas modificam a paisagem do Sertão da ParaíbaAs chuvas que vêm caindo na Paraíba neste início de ano, sobretudo no Sertão do estado, área que teve cinco cidades com as maiores precipitações em janeiro, dão um tom e clima diferenciado à estação que normalmente é a mais quente do ano. Os moradores da região, maravilhados com esse panorama animador, fazem questão, nesse período, de demonstrar todo o orgulho em ver e ser agraciados com um verdadeiro presente da natureza em formato de chuva se materializando na vida de cada um. Em tempos de trocas rápidas de informações, as redes sociais são o ambiente mais utilizado para compartilhar com os amigos a sensação de ver a terra árida ser pintada de verde logo nas primeiras gotas que tocam carinhosamente um solo tão agredido.

Os sertanejos têm motivos para ficarem animados. Após um mês de janeiro com chuvas significativas, chegamos àépoca que especialistas apontam como a mais chuvosa da região semiárida, que ocorre entre os meses de fevereiro e maio. Segundo dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado, para este período, a tendência prevista é de chuvas variando entre normais a abaixo do normal sobre o Nordeste brasileiro, um quadro que já representa uma evolução em comparação a anos anteriores, período de forte estiagem na Paraíba.

Grande entusiasta do momento pelo qual passa o Sertão, a internauta Aureni Leite, moradora de São Mamede, a 283 km de João Pessoa, fotografa, curte e compartilha com satisfação imensa as paisagens do interior do estado banhadas por chuvas que trazem vida nova e prosperidade.

Em uma postagem recente no Facebook, ela disse:

“O cenário aqui está mudando. Deixa de ser aquele Sertão seco e, para a alegria de todos, passa a ser aquele Sertão que agrada a todos. Você desce do salto e passa a calçar havaianas. Onde vai, pisa ora naquela água fria e limpa, ora na lama que faz bem ao seu ego e o agricultor acorda mais cedo para capinar sua roça e esperar pela fartura de milho, feijão, jerimum. E essa alegria toda temos que agradecer ao nosso bom e eterno Deus, que não deixa nenhum dos seus filhos desamparado. Obrigado Senhor por tão valioso presente. Chuva!”

A Aesa registrou, em São Mamede, 217,8 mm de chuvas do início do ano até essa quarta-feira (3), o que justifica o otimismo da moradora. O açude da cidade, no entanto, não era monitorado desde o dia 4 de janeiro, quando apresentava apenas 0,5% da capacidade preenchida. Pelas precipitações, esse volume pode ter sido alterado, mas o órgão estadual não divulgou novos dados.

A situação também é animadora com relação às chuvas nos principais centros urbanos do Sertão paraibano. Já nos volumes dos açudes, assim como no exemplo dado acima, o paradigma segue sem muita evolução. Em Patos, choveram 244,9 mm em 2016, até o dia 3 de fevereiro. O município tem dois açudes, Farinha e Jatobá I, que tinham, respectivamente, 4,5% e 5,6% de capacidade ocupada na última medição, nos respectivos dias 24 e 29 de janeiro.

Em Sousa, 228,2 mm foi o volume de chuvas registrado até o fechamento desta matéria. O açude da cidade, São Gonçalo, foi um dos que apresentaram as medições mais recentes dentre os observados, tendo sido constatado no dia 3 de fevereiro que tinha apenas 2,9% da capacidade total ocupada.

Na cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão, nas proximidades da divisa com o estado do Ceará, precipitaram-se 306,7 mm até a última atualização da Aesa observada. O município também tem dois açudes, Engenheiro Ávidos e Lagoa do Arroz, que, também até o dia 3 de fevereiro, tinham, respectivamente, 6,4% e 7,4% de ocupação.

A recuperação dos reservatórios é lenta e angustiante. É difícil compreender que tanta chuva não consiga representar ganhos significativos nos níveis de água captada. A dificuldade, porém, é posta de lado e driblada pelos sertanejos. Vale o registro de postagens de outros internautas:

A usuária do Facebook Suely Nóbrega falou das dificuldades do Sertão e do povo que nele habita, ressaltando o alívio que é presenciar as chuvas:

“Terra sofrida, maltratada pela seca, povo simples, humilde, rosto sereno, que muitas vezes sofre em silêncio com a sequidão que assola, mas que se transforma em sorriso e esperança quando vê cair ao solo a água milagrosa que mata a sede e enche de esperanças os corações sertanejos que nunca tiveram coragem de abandonar seu rincão querido! Terra que tanto me fez feliz! Me alegra ver as chuvas caindo em seu solo para mudar a paisagem, encher os açudes, os campos arados e semeados dos mais diversos plantios para mais tarde fazer a colheita e encher as mesas com fartura… Obrigado meu Deus, louvado sejas para todo o sempre!”

Raimundo Janifran Oliveira, internauta de Sousa, mas morador de João Pessoa, revelou a saudade que tem da terra natal em um momento como este. “O sertanejo é antes de tudo um forte. Estou feliz que para as bandas do Sertão está chovendo. Aqueles tabuleiros só prestam cheios de verde. Os seus açudes e barreiros sangrando me fazem lacrimejar. Quantas lembranças, quão saudosista me faz estar na ‘Capitá’ feliz da vida pela alegria da gente sertaneja.”

Mais do que qualquer outra população, os sertanejos agradecem pelo pouco que têm recebido, o que já faz muita diferença em suas vidas, utilizando-se, muitas vezes, da crença religiosa. E, se depender de gente como Aureni Leite e os demais citados, seguirão observando de perto, torcendo por dias melhores e por uma boa gestão das águas que lhes são presenteadas.

“Ao poente, os raios do sol dão um colorido especial às nuvens. Ao nascente, nuvens um pouco escuras e carregadas para derramar chuva e alegrar o homem sertanejo! Deus é fiel com todos. Obrigado Senhor!”, conclui Aureni em mais uma postagem.

Redação