Em JP, Sérgio Moro detalha labirinto das propinas da Petrobras em paraísos fiscais

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moro jpO juiz federal Sérgio Moro detalhou, na manhã deste sábado (28), em João Pessoa, como as propinas eram pagas a agentes da Petrobras. Segundo ele, a grande dificuldade, mesmo com a colaboração dos envolvidos, é chegar às provas de que os recursos serviam para pagamentos ilegais. Ele fez uma palestra na conferência internacional ‘Investimento, corrupção e o papel do Estado’, realizada no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB).

O juiz responsável pela operação Lava Jato ressaltou a complexidade das operações criminosas, envolvendo pagamento de propinas a servidores e políticos. “Os criminosos colocaram seus patrimônios em contas secretas nos mais variados países. Tem sido um grande desafio para as autoridades brasileiras, não só no sentido de descobrir os fatos e colher as provas a respeito desses fatos, mas também para posterior confisco dos ativos criminosos enviados a outros país”, afirmou.

Sérgio Moro não falou em nomes, mas citou exemplos de condenações na operação Lava Jato. “Um gerente da Petrobras que resolveu colaborar com a Justiça mantinha em contas do exterior cerca de 96 milhões de dólares. Esse dinheiro, por conta da colaboração e das autoridades da Suíça, já foi integralmente repatriado para o Brasil para posterior devolução à vítima do crime, no caso, a empresa estatal”, exemplificou, referindo-se a Pedro Barusco, que teve a delação homologada pela Justiça.

O juiz federal relatou que foi descoberto, e provado, que uma empresa fornecedora teria pago a agentes da Petrobras, de 2007 a 2011, cerca de 14 milhões de dólares e mais cerca de 2 milhões de francos suíços. Esse pagamento se deu de forma complexa, por diversas contas no exterior, sendo uma conta em um banco de Panamá, mas mantida em Genebra (Suíça).

Sérgio Moro afirmou que o labirinto da lavagem do dinheiro é muito complexo. “O dinheiro tomou um rastro meio complicado. Ele é distribuído em diversas contas offshores, espalhadas por diversos países, antes de ser repassado aos agentes criminosos. Num esquema ainda mais complexo, o dinheiro dava voltas mais longas. Eram transmitidos valores de uma empresa fornecedora da Petrobras para contas offshore no Uruguai, mantida na Suíça, que vão para outra offshore no Panamá, para depois ser efetuada a transferência para agentes da estatal”, disse.

Ele sustentou que tudo o quanto for comprovado como pagamento ilícito será repatriado, embora saiba que alguns países só permitem o reenvio de valores após as sentenças em trânsito julgado.

Bastidores e protestos

A palestra dele foi sobre ‘Cooperação Jurídica Internacional e Corrupção Transnacional’. Sérgio Moro não concedeu entrevistas aos jornalistas. Ao se dirigir ao auditório, ele recebeu do conselheiro do Santa Cruz de Recife, Alan Costa, uma camisa do time que é líder da primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

Moro recebe camisa do Santa, das mãos de Alan Costa

Foto: Moro recebe camisa do Santa, das mãos de Alan Costa
Créditos: Hermes de Luna/Portal Correio

Do lado de fora do TCE-PB, cerca de 100 jovens fizeram um protesto contra a presença do juiz. Eles gritavam palavra de ordem contra a operação Lava Jato. Os manifestantes se posicionaram no cruzamento das ruas Leonardo Arcoverde com Geraldo Von Shosten, na lateral da sede do Tribunal de Contas. Um pelotão de choque da PM impediu que eles chegassem próximo do local do evento. 

Logo cedo, quatro pessoas com uma bandeira do Brasil foram levar apoio ao juiz. Uma senhora vestia uma camisa amarela como o nome ‘Moro’, à altura do peito. 

O auditório do Centro Cultural Ariano Suassuna ficou lotado. A organização do evento estipulou em mais de 600 pessoas que assistira,m à palestra de Sérgio Moro. Ele encerrou a conferência internacional, que trouxe à Paraíba autoridades e professores da Suíça. 

Redação