Mãe de Hugo pede: “Não deixe eu passar o Natal desse jeito”
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Grampo da Operação Veiculação aponta “importante indício de propina” para a mãe do deputado Hugo Motta (PMDB-PB), Ilanna Motta. Ilanna é chefe de gabinete da prefeita de Patos (PB), Francisca Motta, avó do parlamentar peemedebista que presidiu a CPI da Petrobrás.
A mãe de Hugo Motta foi presa na Veiculação e, cinco dias depois, teve a custódia transformada em domiciliar.
O procurador da República José Raphael Lima investiga irregularidades em licitações e superfaturamento de contratos de locação de veículos nas Prefeituras de Patos, Emas e São José de Espinharas, municípios no sertão da Paraíba.
As fraudes chegariam a R$ 11 milhões em recursos aplicados em ações dos Programas de Transporte Escolar (PNATE), Fundeb, Pró-Jovem Trabalhador e Bloco de Média e Alta Complexidade (Saúde).
Hugo Motta é um dos principais aliados do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Sua mãe, Ilanna Motta, é casada com Renê Trigueiro, prefeito de São José de Espinharas, e mãe de Olívia Motta, mulher de José William Segundo Madruga, prefeito de Emas.
Na conversa capturada pela Veiculação, Ilanna fala com um interlocutor identificado como “Rafael”.
Para os investigadores, “há fortes indícios” de que os valores pagos pela Prefeitura de Patos e de São José de Espinharas à Malta Locadora, referentes ao aluguel de veículos, “estão sendo divididos entre os sócios da locadora, Alexandre e Rafael, e também entre Renê e sua esposa”.
No grampo, Rafael diz a Ilanna: “Agora assim, pelo menos os carros de todo mundo tá pago entendeu?”
“Tá pago né?”, responde Ilanna.
Rafael afirma. “Já pagou.”
Em outro trecho, Ilanna pede a Rafael que “veja esse daí de outubro homem, pelo amor de Deus”. O interlocutor pede à mãe do deputado peemedebista que “deixe eu fechar a planilha sexta”.
“Deixe fechar, você me diz. Não deixe eu passar o Natal desse jeito não, viu.(risos)”, pediu Ilanna.
Para a Veiculação, “o diálogo também revela importante indício de pagamento de propina, desta vez em benefício de Ilanna Motta”.
As investigações da Operação Veiculação foram iniciadas pelo Ministério Público Federal no ano de 2015, a partir de informações da Controladoria-Geral da União, hoje Ministério da Transparência, que em 2012 realizou fiscalizações e identificou contratação irregular de serviços de locação de veículos no Município de Patos.
Relatório da Controladoria indica uma possível fraude licitatória e o não cumprimento do objeto pactuado, com consequente desvio de verba pública.
Quando foi citada na investigação, a família Motta se manifestou desta forma.
O advogado Solon Benevides, que representa os integrantes da família Motta, afirmou ao Estado que os fatos não podem ser objeto de análise pública porque estão sob sigilo. Segundo ele, a prefeita Chica Motta mandou abrir uma sindicância para apurar as possíveis irregularidades. “No curso da instrução vamos provar que as acusações não tem procedência”, afirmou Benevides.
Estadão