Trump diz que Lula pode falar com ele a qualquer momento: ‘Vamos ver o que acontece com o Brasil’

Por Por Fernando Dias com informações do Estadão Conteúdo - em 6 minutos atrás 1

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu espaço para receber uma ligação telefônica com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir um acordo comercial bilateral. “Ele pode falar comigo a qualquer momento”, afirmou o republicano. Na sequência, ao ser perguntado sobre o que estaria em pauta para o Brasil, completou: “Vamos ver o que acontece. Eu amo o povo brasileiro”.

A declaração foi dada na Casa Branca, em resposta à jornalista Raquel Krähenbühl, da TV Globo e da GloboNews. Ao ser indagado sobre o fato de as tarifas impostas ao Brasil não parecerem ter ligação com questões comerciais, Trump afirmou que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.

Em meio às pressões para que Lula entre em contato com o norte-americano e discuta o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros comercializados com aquele país, integrantes do governo Lula vinham enfatizando que a organização de uma conversa entre os dois presidentes era complexa e não poderia ocorrer de “improviso”.

Lula cogita ligar para Trump, mas queria antes ter a certeza de que o americano iria atender a ligação e focar em comércio na conversa – ou seja, o petista não vai dar margem a negociar assuntos institucionais e de soberania. Há receio no Palácio do Planalto de que ele seja submetido a algum tipo de constrangimento político ou humilhação, mesmo por telefone ou videochamada.

Em entrevista ao The New York Times, o mandatário brasileiro afirmou que o País “não negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande”. O próprio Lula disse que deseja ser tratado com respeito e civilidade. Ambos têm um histórico de declarações hostis mútuas no passado e jamais interagiram ou se encontraram pessoalmente. Integrantes do governo dizem que movimentos exploratórios, que podem ajudar a preparar o terreno para um contato no mais alto nível estão em curso.

O estreitamento de contatos entre equipes de governo faz parte desse processo. Na quarta-feira, dia 30, pela primeira vez o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) conversou com o secretário de Estado, Marco Rubio, em encontro discreto em Washington, fora do Departamento de Estado e da embaixada brasileira.

Os contatos mais frequentes têm sido feitos pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A equipe dele trabalha com expectativa de novos contatos, em nível técnico e político. Na quarta-feira (30), o presidente americano assinou a ordem que define a tarifa adicional de 40% sobre o Brasil (além dos 10% inicialmente aplicados como tarifa recíproca), apontando especialmente razões políticas em seu comunicado, com ataques ao governo brasileiro e ao ministro Alexandre de Moraes, em razão do julgamento de Jair Bolsonaro e da regulação das big techs. Apesar disso, quase 700 produtos brasileiros foram isentos da tarifa.

Relembre os contatos entre os governos Lula e Trump:

Videoconferência entre Geraldo Alckmin e Howard Lutnick (Secretário de Comércio) em 6/3;

Reuniões virtuais entre Mauro Vieira e Jamieson Greer (USTR) em 6/3 e 2/4;

Encontro presencial entre Fernando Haddad e Scott Bessent (Secretário do Tesouro) em 4/5 na Califórnia;

Encontro presencial entre Mauro Vieira e Marco Rubio (Secretário de Estado) em 30/7 na capital Washington;

Viagem do embaixador Maurico Lyrio e equipe da Secretaria de Assuntos Econômicos e Financeiros a Washington em março

Seis reuniões de negociação tarifária entre técnicos e diplomatas de 8/3 a 4/7m.

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