Com partido em crise, PSDB da Paraíba deve apoiar Tasso para presidência da legenda
Por - em 7 anos atrás 676
A duas semanas da convenção que renovará o comando do PSDB, a campanha tomou ares plebiscitários, entre “o partido de Aécio Neves”, mais maleável e aberto a coligações, e o “PSDB cabeça preta”, mais restritivo.
Os candidatos das duas alas, o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o senador cearense Tasso Jereissati, respectivamente, voltarão as atenções a SP nos próximos dias em busca dos votos indecisos e, especialmente, dos gestos de Geraldo Alckmin.
A Paraíba (21) do senador Cássio Cunha Lima promete apoiar Tasso, assim como a Bahia. O senador paraibano já havia, inclusive, defendido o nome de Jereissati para presidente da República.
Tasso esteve com o governador paulista na quinta (23) e voltará a São Paulo na próxima semana, assim como Perillo, que estará na capital paulista na segunda-feira (27). Ambos dizem ter disposição de abrir mão do pleito caso Alckmin decida assumir o comando do PSDB.
Nome favorito entre tucanos para disputar o Planalto, Alckmin é instado a declarar publicamente se pretende, como fez Aécio, presidir o partido no ano da eleição.
O governador paulista, contudo, tem dito que não deseja acumular funções, ainda que reconheça os benefícios de controlar a máquina.
Enquanto paira a indefinição, a corrida entre Tasso e Perillo está apertada e os ânimos, acirrados.
“Há um projeto de mudanças, de correção de rumos. E outro, disputado por Marconi, que na prática é de Aécio. As torcidas do Atlético Mineiro e do Cruzeiro sabem que Aécio perdeu as condições e continua exercendo protagonismo”, afirmou o senador licenciado Ricardo Ferraço (PSDB-ES), aliado de Tasso.
“Tem uma coisa chama ‘semancol’, conhece? Está faltando”, reclamou.
“Senador Ferraço me conhece bem, pelo menos imagino, e sabe que jamais me sujeitaria. Tenho uma história no PSDB, vitórias em seis eleições em Goiás e muitas contribuições ao país”, respondeu Perillo.
Tasso não aceitou bem sua substituição determinada por Aécio, presidente afastado do partido, pelo ex-governador paulista Alberto Goldman na presidência interina do PSDB e tem colocado obstáculos no diálogo interno.
Aécio se afastou em maio, envolvido no escândalo da JBS. Indicou Tasso para assumir interinamente.
Segundo interlocutores de Perillo, quando o mineiro se deu conta de que o cearense tinha intenção de se reeleger com uma bandeira de renovação e admissão de erros, passou a articular a candidatura do governador goiano, que não seria imediatamente associado a ele.
Perillo adotou tom tolerante quanto ao governo Temer e só veio a defender um “desembarque educado” recentemente, quando o calendário eleitoral e as pressões partidárias se tornaram inescapáveis.
VOTO A VOTO
Dada a crise no PSDB, a Executiva inovou no formato da convenção, prevista para ocorrer no dia 9. Desta vez, os delegados votarão duas vezes. Primeiro, na chapa do diretório, formado por 177 titulares e 59 suplentes. Goldman conseguiu formar chapa única.
Depois, escolherão o presidente. O vencedor levará 70% dos cargos da Executiva e o perdedor, 30%. Tradicionalmente, o voto é secreto.
No total, a convenção terá 580 delegados. Para se chegar a esse número, considera-se, por Estado, a soma de três fatores: 10% dos diretórios municipais registrados, duas vezes a bancada de congressistas e os membros atuais do diretório nacional.
Na contabilidade interna, Tasso tem certos 130 votos e Perillo, 200. Mas o senador cearense leva vantagem em praças importantes como Rio Grande do Sul e São Paulo.
Entre os paulistas, o goiano conta com 40% dos 135 delegados, o oponente tem ao menos 50%. A maioria dos 12 deputados tucanos paulistas apoiam Tasso. Perillo, porém, conta com Aloysio Nunes Ferreira, João Doria e José Serra.
Entre os gaúchos, a maioria está com Tasso, ainda que Yeda Crusius declare apoio ao goiano e leve consigo mais alguns votos. Em Pernambuco, o goiano deve ficar com 16 votos e o senador, 6, referentes ao cabeça preta Daniel Coelho e a Betinho Gomes.
Minas deve entregar quase todos os seus 77 votos a Perillo, assim como Santa Catarina (38), do líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer.
Já a Bahia (35) e a Paraíba (21) do senador Cássio Cunha Lima prometem apoiar Tasso.
Editoria de arte/Folhapress