Pré-candidatura de Flávio Bolsonaro reposiciona papel de Michelle nas eleições de 2026
Por Por Vinícius Sales - em 1 minuto atrás 1
A pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República reorganizou o campo conservador e alterou o papel político de Michelle Bolsonaro dentro do Partido Liberal (PL). Até então em trajetória de crescente protagonismo, a ex-primeira-dama passou a adotar uma postura de recuo público e institucional, em um movimento interpretado por dirigentes da sigla como estratégico e pactuado internamente.
Segundo um interlocutor da cúpula do PL, Michelle decidiu se afastar temporariamente das atividades partidárias para tratar questões de saúde e, ao mesmo tempo, permitir que “a poeira baixe” após crises recentes envolvendo a legenda — especialmente o desgaste provocado pelo diretório do Ceará e a tentativa de aliança com o ex-governador Ciro Gomes. O recuo foi acordado em reunião realizada no dia 2 de dezembro, que também selou a suspensão formal do apoio a Ciro no estado.
A avaliação interna é de que o distanciamento da ex-primeira-dama ajuda a conter novas turbulências nos diretórios regionais e preserva a estratégia definida pelo partido após o lançamento de Flávio como pré-candidato ao Planalto. A prioridade, nesse novo arranjo, passou a ser a consolidação do senador como principal expoente nacional do PL no ciclo eleitoral de 2026, reduzindo ruídos e disputas paralelas em um momento considerado sensível para o PL.
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro aprofundou esse processo de reorganização. Além de impactar o ambiente político da direita, o episódio mudou a posição institucional de Michelle dentro do partido e reforçou a leitura de que era necessário concentrar decisões e minimizar focos de tensão. Nesse contexto, a diminuição de sua exposição pública passou a ser vista menos como perda de espaço e mais como uma acomodação estratégica.
O episódio do Ceará, que havia explicitado divergências entre Michelle e os filhos do ex-presidente, passou a ser tratado como um ponto de inflexão já superado. Na ocasião, a então presidente do PL Mulher criticou a articulação conduzida pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE) para apoiar Ciro Gomes, contrariando acordos anteriores e provocando reações públicas de Eduardo e Carlos Bolsonaro.
O desfecho da crise — com a suspensão das negociações e o entendimento para o afastamento temporário da ex-primeira-dama — buscou evitar a reprodução do conflito em outros estados.
