1º do Ano: Paz

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O novo ano inicia-se com a Jornada Mundial pela Paz, cuja mensagem é dirigida à cidade e ao mundo, “urbi et orbi”, pelo Papa Francisco. Em síntese ele afirma: “Vencer a indiferença e conquistar a paz”. A indiferença globalizada ameaça a paz. Deus não é indiferente. Importa-Lhe a humanidade. Deus não a abandona. A indiferença em relação a Deus supera a esfera íntima do indivíduo e se projeta na esfera pública e social.

A busca da glória de Deus se reflete na construção da justiça e no compromisso pela paz. O esquecimento e a negação de Deus induzem o homem a não reconhecer qualquer norma acima de si mesmo, produzindo crueldade e violência sem medida. De fato, as ideologias totalitárias têm origem no orgulho, na vaidade, no egoísmo.

A indiferença para com o próximo é a atitude de inércia e apatia diante de situações de injustiça e grave desequilíbrio social. A persistência na injustiça gera descontentamento e acirra os conflitos. Cedo ou tarde isso estimula a insegurança e leva à violência.

Muita gente prefere ficar surda ao grito de angústia da humanidade sofredora. Prefere nem se informar. Vive o seu bem-estar, o seu conforto. Sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer dos dramas que muitos sofrem. Se eu estou bem, comodamente instalado, esqueço-me dos outros. Meu coração cai na indiferença. Eu me encontro relativamente bem, confortável. Esqueço-me dos que não estão bem. Não me interessa os problemas, as tribulações, as injustiças que outros sofrem. Não me interessa me ocupar com eles. O que sucede com eles não me compete. Deve ser de responsabilidade de alguém.

A indiferença e o desinteresse constituem uma grave falta ao dever que cada pessoa tem de contribuir – na medida das suas capacidades e da função que desempenha na sociedade, para o bem comum, especialmente para a paz, um dos mais preciosos bens da humanidade.Entanto o Pai nunca faz isso!

A indiferença, a frieza, o comodismo pessoal são péssimos exemplos que contaminam os relacionamentos familiares e sociais. A indiferença pelos outros, pela sua realização, sua dignidade, seus direitos, seus deveres, (etc.) configura-se como uma perversa cultura, preocupada exclusivamente com o lucro, o poder e o prazer. Hoje isso se reflete na política e nos políticos, cada vez mais desacreditados pela opinião pública. Qual é a diferença entre um político honesto e competente, e o oportunista interesseiro?

O primeiro ocupa-se com o bem comum e apresenta projetos, com garantia de capital humano, técnico e financeiro. O segundo é parasita e se aproveita de situações, sobretudo quando não há planejamento para nada. Esse, ou já roubou ou vai roubar.

Dom Aldo Pagotto Arcebispo Metropolitano da Paraíba