Comemoração histórica

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Há datas que são vividas, comemoradas e celebradas porque têm uma significação especial para pessoas e instituições. Não se perdem no tempo, como tantas. Algumas são lembradas pela linguagem do coração, outras são alimentadas pela memória coletiva.

No universo humano, normalmente, são lembradas e comemoradas aquelas datas que têm a marca da autenticidade porque estão relacionadas com o bem-estar, com o êxito, com a felicidade; mas são também muito lembradas, pelas pessoas, determinadas datas em razão de situações sofridas, conflitantes, desumanizantes.

Tem sentido, portanto, aquela máxima muito conhecida: “recordar é viver”. Na vida das famílias, especialmente, certas datas são muito significativas porque as envolvem, como um todo, de forma solidária, de conformidade com a realidade vivida, “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, como rezam os noivos, na celebração do casamento, segundo Ritual da Igreja Católica.

Há comemorações que são lembradas pela memória coletiva porque têm um caráter histórico. Na verdade, um fato histórico, em si, não cria traços duradouros; ao contrário, é facilmente esquecido se não for alimentado pela memória coletiva. Não deixaria de ser triste a constatação da perda da memória histórica, em relação à nacionalidade, por parte das pessoas e da coletividade.

Com efeito, por ser histórica, a linguagem de uma data, como a da Independência, é repassada para as gerações que se sucedem no tempo. As pessoas que comemoram essa data, de modo eloquente, sob vários aspectos, recordam-na, hoje, com muita sensibilidade, emoção e amor pátrio.

Os jogos olímpicos e os paralímpicos, que começam no Dia da Independência, mexem com o sentimento de brasilidade, haja vista a profusão de emoções, gritos, lágrimas, cores, investimentos públicos e privados.

A cidadania compreende responsabilidades individuais e coletivas, compromissos privados e públicos; não pode ser considerada apenas manifestação de sentimentos, em momentos programados.

Assim, a comemoração da Independência do Brasil, no próximo dia 7 de setembro, se, de um lado, lembra o passado de aspirações, lutas e conquistas da população, de outro, aponta o fato de muitos brasileiros estarem ainda à espera de direitos fundamentais que são inerentes à Independência política e à cidadania plena.

(*) Administrador Apostólico da Arquidiocese da Paraíba