GOLPISTAS, O CONGRESSO E A ELITE DA RAPINA
Por - em 9 anos atrás 706
Não é mais tempo de meias palavras: é golpe!
É golpe baixo, é golpe paraguaio, é golpe midiático, é golpe jurídico, é golpe parlamentar…, é golpe de Estado!
Tudo o que vimos até agora não foi senão encenação, teatro e, muitas das vezes, circo. Sob os holofotes da mídia deputados e senadores se revezam encenando, teatralizando e fazendo palhaçadas para o delírio de uma plateia inconformada como a maioria deles com o resultado das urnas em 2014.
Encerrada a eleição presidencial o PSDB pede auditagem nas urnas em todo o Brasil porque, segundo ele, houve manipulação de dados. Um ano após séria apuração comandada pelo TSE, comprova-se a lisura do resultado: Dilma foi eleita com 54,5 milhões de votos, equivalente a 51,64% dos votos válidos.
Eis o crime da Presidenta Dilma: reeleger-se. Afinal, como DEM e PSDB, principalmente, poderiam tolerar a quarta eleição seguida do Partido dos Trabalhadores (PT)? Como suportar 16 anos de derrotas nas urnas? Era preciso fazer algo. Se as urnas não nos querem, busquemos outra forma de ascender ao poder. Aí surgiu o golpe de Estado que está sendo processado no Brasil neste instante, ferindo de morte o voto e a soberania popular, e portanto a democracia!
Tudo o mais é conversa fiada, conversa pra boi dormir ou história da carochinha.
Como registra Jeferson Miola, integrante do Instituto de Debates, Estudos e Altenativas de Porto Alegre (Idea), “o processo do impeachment não passa de pura farsa processual. Tudo já está decidido de antemão por uma maioria circunstancial que se sobrepõe à Lei e à Constituição para instituir uma cultura perigosa de um Estado governado por maiorias eventuais, e não pelas Leis e pela Constituição.”
Alí, no Congresso Nacional, neste instante, não importam os fatos e a verdade, sejam eles quais forem. O que importa é condenar a Dilma, o Lula, o PT, e golpear a democracia assumindo o poder, ainda que ilegitimamente.
Como registra ainda Miola, “a maioria dos senadores e senadoras já antecipou posicionamento favorável à admissão do processo e, posteriormente, à cassação do mandato da Presidente Dilma; eles não levarão em conta nenhum argumento racional, pois apenas cumprem o rito do crime.”
Isso tudo para satisfazer a elite paulista, como diz Jessé Souza, professor titular de ciência política da Universidade Federal Fluminense (UFF), “essa elite, cujo símbolo maior é a bela avenida Paulista, que compra a elite intelectual de modo a construir, com o prestígio da ciência, a lorota da corrupção apenas do Estado, tornando invisível a corrupção legal e ilegal do mercado que ela domina; que compra a política via financiamento privado de eleições; e que compra a imprensa e as redes de TV, cujos próprios donos fazem parte da mesma elite da rapina.”
Fernando Caldeira