Sacerdote exemplar
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Na Antiga Aliança encontra-se a história de muitas vocações, como Abraão, Moisés, Samuel e os profetas que foram chamados por Deus para uma missão junto ao seu povo. Também na Nova Aliança a vocação tem uma origem divina. Os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos revelam que os caminhos da vocação não foram os mesmos na vida dos apóstolos e de Paulo. O fato comum foi o encontro com Jesus Cristo, um encontro transformador, na verdade. Com efeito, alguém se torna seguidor de uma pessoa porque foi tocado por sua personalidade, por seus ideais.
Além de sua origem divina, a vocação ao sacerdócio tem raízes humanas. Nesse plano, fundamentalmente, as raízes da vocação encontram-se na família e na comunidade de fé. A família é o lugar das vivências mais importantes e decisivas da vida, entre as quais estão os valores humanos, religiosos, espirituais. “Na verdade uma autêntica família cristã, testemunha fiel no mundo e comprometida com os ministérios na comunidade, proporciona um confronto sadio entre os ideais e sonhos dos adolescentes e jovens com as propostas do Evangelho, às necessidades da Igreja e da humanidade. A família é o celeiro, é o campo e a messe, é a sementeira das vocações e dos ministérios”. Por sua vez, a comunidade cristã é a instância da alimentação dos valores que são imprescindíveis à vida e à convivência humana. O Papa Francisco ensina que “a vocação nasce na Igreja”, “a vocação cresce na Igreja”, “a vocação é sustentada pela Igreja”.
A Arquidiocese da Paraíba, em sua mais do que centenária existência, teve e tem inúmeros sacerdotes que dignificam sua história. O Pe. Alfredo Barbosa é um deles. Ele está sendo lembrado, neste ano de 2017, quando completaria 100 anos, no dia 21 de agosto. Nele se veem a origem divina da sua vocação sacerdotal, a marca das raízes familiares e o lugar da comunidade cristã. “Filho de Cícero Mariano dos Santos e Maria Barbosa, ele padeiro e ela do lar. Padre Alfredo nasceu em João Pessoa, a 21 de agosto de 1917, sendo mais velho dos 6 filhos do casal. (…) Desde pequeno dividia seu tempo entre a escola, a Igreja e o trabalho. (…) Muitas vezes acompanhava os frades franciscanos nas idas missionárias na direção de Cruz das Armas e até nas áreas do Conde e Taquara, a pé ou a cavalo, ajudando nas missas e visitando as famílias dessas localidades”.
São Pedro traça o perfil do sacerdote que se assemelha a Jesus, o Bom Pastor: “Exorto aos presbíteros que estão entre vós, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória” (1Pe 5, 1-4).
A programação comemorativa do centenário de nascimento do Pe. Alfredo Barbosa está em andamento na Paróquia de Cabedelo (PB), onde exerceu o ministério sacerdotal durante “40 anos, de 1951 a 1991”, e no município de Cabedelo, onde se encontram muitos dos frutos de seu generoso trabalho social e cultural, em prol das crianças, dos jovens e adultos. O encerramento das atividades comemorativas, que estão sendo articuladas pelo Pe. Ernando Teixeira de Carvalho, seu sobrinho, dar-se-á no dia 19 de novembro, quando se celebra o aniversário de sua ordenação sacerdotal.
Por ter observado as palavras de São Pedro, acima citadas, o Pe. Alfredo Barbosa tornou-se um sacerdote de reconhecido valor humano, de edificante serenidade frente ao sofrimento, de dedicado serviço aos fiéis, onde exerceu o seu ministério. Foi um sacerdote exemplar para os seus contemporâneos e o será para quem o conhecer no centenário de seu nascimento.
Por Dom Genival Saraiva