Médica é homenageada na Assembleia e alerta para zyka congênita

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Médica é homenageada na Assembleia e alerta para zyka congênitaA Assembleia Legislativa da Paraíba realizou sessão solene na manhã desta sexta-feira (26) com o objetivo de homenagear a médica e pesquisadora Adriana Suely Melo, a primeira profissional de saúde no mundo a associar os casos de microcefalia ao zika vírus. A ALPB homenageou a médica com as concessões da Medalha Epitácio Pessoa, a mais alta condecoração do Poder Legislativo, e do Diploma Napoleão Laureano, pelos serviços médicos prestados à mulher paraibana, notadamente nos casos que envolvem o diagnóstico e o acompanhamento da microcefalia em nosso Estado.

 
Os Projetos de Resolução 94/2016 e 96/2016, propostos pelo deputado Ricardo Barbosa e pelo presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, foram aprovados por unanimidade pelo Plenário da Casa de Epitácio Pessoa. Ambos têm o objetivo de reconhecer o trabalho desempenhado pela doutora Adriana.
 
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adriano Galdino, afirmou que a Doutora Adriana Melo seguramente, por suas pesquisas, suas descobertas, merece o Prêmio Nobel de Medicina. Destacou que se trata de uma descoberta fantástica: a relação entre o vírus zika e a microcefalia, que ofereceu condições para cientistas do mundo todo dialogar e pesquisar para um dia se chegar a uma vacina que possa curar as grávidas dessa vulnerabilidade. “Essa descoberta é de uma importância enorme e deu uma contribuição à medicina mundial. Se a Doutora Adriana fosse americana, ou inglesa, ela iria, com certeza, ser indicada ao Nobel de Medicina”, declarou.
 
Adriano Galdino complementou afirmando que “nós paraibanos estamos aqui para homenageá-la porque ela merece. E a Assembleia faz o seu papel homenageando essa grande médica. Desejamos a ela muita sabedoria, saúde e paz para que ela possa fazer outras descobertas para que cada vez mais tenhamos um mundo melhor e mais justo”, pontuou.
 
O presidente destacou ainda que entre todos os homenageados na Casa de Epitácio Pessoa, a médica Adriana Melo é a mais merecedora. “Como presidente deste Poder, é muito bom estar lhe prestando esta homenagem, que é pequena diante da sua descoberta. Como pocinhense, é motivo de muito orgulho homenagear com louvor uma médica que tem raiz na cidade de Pocinhos”, declarou o presidente.
 
De acordo com o também propositor da matéria, o deputado Ricardo Barbosa, foi graças ao zelo com o qual a doutora Adriana Melo trata seus pacientes que foi possível encontrar a relação entre o zika vírus e a microcefalia. “A resultante de seu esforço dá-nos a esperança de que essa pesada demanda de saúde pública, alcance, em breve tempo, soluções concretas de prevenção e de combate a tão devastadora e inquietante deformação congênita”, afirmou o parlamentar.
 
Ricardo Barbosa ressaltou que a descoberta científica realizada pela médica Adriana Melo a projeta para o seleto rol de cientistas dedicados às causas humanitárias. “A médica Adriana Melo contribuiu, decisivamente, para comprovação das recorrentes suspeitas médicas de que havia uma relação direta e indissociável entre zika vírus e a microcefalia em bebês”, declarou.
 
Para a médica Adriana Melo, “as homenagens, o reconhecimento público através de uma medalha é  importante, serve também para que a gente sinta que ainda vale a pena pesquisar nesse país”. A médica ressaltou no entanto que “na realidade o maior reconhecimento vem das mães que acompanho porque a minha maior intenção era descobrir a causa porque se fosse uma rubéola a gente iria para uma campanha de vacinação e se fosse o zika como eu sempre pensei a gente tinha que orientar como estamos orientando as grávidas a se prevenir do mosquito”, pontuou.
 
A cientista chamou a atenção e pediu para que a imprensa passe a usar o termo correto em relação à microcefalia: ZIKA CONGÊNITA, porque ela abrange muito mais detalhes. “A microcefalia você entende como uma cabeça pequena, esses bebês tinham alteração de formação de estrutura, então são duas coisas distintas. A zika pode ocasionar várias alterações no bebê, o que vai variar desde calcificações até uma destruição acentuada do tecido nervoso, com um dano neurológico grave”, explicou, acrescentando que não se sabe ainda se por causa da carga viral, se pela imunidade da mãe, alguns têm casos mais graves e a maioria nascem bebês normais. “O que a gente não pode dizer é que toda microcefalia a causa foi a zika, a microcefalia sempre existiu e vai existir por outras causas, tanto é que no protocolo do Ministério da Saúde quando a gente faz a pesquisa do vírus tem que se fazer outras pesquisas porque rubéola, sífilis, citomegalovirus, porque também podem causar a microcefalia”, concluiu a pesquisadora.
 
Adriana Melo nasceu no Ceará, é filha de família pocinhense, formou-se em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e trabalha há 16 anos no setor de Medicina Fetal do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), a principal maternidade pública de Campina Grande. Entre outubro e novembro de 2015, a doutora Adriana tomou conhecimento de duas pacientes grávidas de bebês que nasceriam com a má formação do cérebro. A ela a medicina deve o estabelecimento da relação entre o zika vírus e a microcefalia. Adriana Melo suspeitou que estava diante de um novo padrão de microcefalia baseando-se em pacientes que apresentaram manchas vermelhas na pele e coceira durante as primeiras semanas da gravidez.
 
No mundo, havia apenas uma suspeita da relação entre casos de microcefalia e o zika vírus.
Além de familiares da médica Adriana Melo e profissionais da área de medicina, a sessão especial contou com a presença da vice-governadora do Estado da Paraíba, Lígia Feliciano; do secretário de Estado de Governo da Casa Civil, Efraim Morais; dos deputados Branco Mendes, Camila Toscano, Edmilson Soares, João Gonçalves, Olenka Maranhão, Renato Gadelha, Tião Gomes e Tovar; da vereadora da cidade de João Pessoa, Eliza Virginia; do diretor financeiro do Hospital Napoleão Laureano, Celestino da Silva Filho; da Presidente da Associação Promocional do Poder Legislativo (APPL), Eliane Galdino; e do superintendente da Cruz Vermelha, Milton Pacífico.
Redação