Com venda de 70 milhões de ações da JBS, BNDES se livra de herança lulopetista

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Sob a normalidade do êxito da venda de 70 milhões de ações da gigante da área de alimentos JBS pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) há muitos significados políticos, administrativos e até criminais. A operação por meio de leilão na B3, coordenada pelo Bank of America, permitiu ao BNDES levantar R$ 2,66 bilhões e, assim, reduzir de 581,66 milhões para 511,66 milhões o número de ações que detém na companhia controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Ela é parte de uma história que começou de maneira obscura no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, evoluiu na gestão de Dilma Rousseff, envolveu ilegitimamente o presidente Michel Temer, incluiu a prisão dos dois empresários controladores da empresa e, agora, inicia uma etapa em que os malfeitos começam a ser desfeitos.

Durante as administrações lulopetistas, o Tesouro Nacional transferiu para o BNDES cerca de R$ 500 bilhões, por meio da emissão de títulos públicos, com o objetivo de dar ao banco condições de apoiar empresas previamente escolhidas pelo governo para se tornarem gigantes em seu segmento e competir no mercado mundial. Era a política dos “campeões nacionais”, dizia o discurso petista.JBS pagou para conseguir aportes e financiamentos do BNDES, diz delação de  Joesley Batista | Operação lava jato | G1

O BNDES tornou-se, assim, acionista de um conjunto de empresas sobre as quais não tinha controle. Grandes grupos privados beneficiaram-se dessa política, em particular o frigorífico JBS, do qual a J&F, de propriedade dos irmãos Batista, é a controladora.

O primeiro questionamento é por que razão um banco público destinado a estimular o desenvolvimento nacional concentrou suas operações em empresas que, por seu porte, poderiam ter buscado no mercado por seus próprios meios os recursos para investir. Outros segmentos e outras empresas com maiores dificuldades para se financiar foram preteridos.

JBS Friboi leva Palocci a ser investigado por negócio de 3,5 bilhões com  BNDES - Jornal OpçãoAté mesmo empresas que mais tarde apresentaram sérios problemas de gestão foram contempladas pela generosa (e direcionada) política do BNDES na era lulopetista. Outras alcançaram ganhos expressivos à custa de financiamentos mais baratos do que os disponíveis no mercado. Recursos públicos propiciaram grandes lucros privados.

A JBS, além de fazer parte das “campeãs” escolhidas pelo governo lulopetista, envolveu-se, por meio de seus controladores, em fatos que estão longe do campo econômico estrito. Em maio de 2017, Joesley Batista teve divulgada parte de conversa gravada com o presidente Michel Temer em encontro não agendado no Palácio do Jaburu – então residência presidencial – na qual teria havido pedido de manutenção do pagamento ilegal a políticos. Nada do que se insinuou na época contra Temer foi provado.

Desde 2016, a Polícia Federal investigava indícios de corrupção praticada pelo Grupo JBS. Joesley Batista e o irmão Wesley chegaram a ser presos em setembro de 2017. As pendências criminais dos irmãos foram resolvidas em 2020 com a homologação, pelo STF, de seus acordos com a Procuradoria-Geral da República.

Fonte: o Estadão

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