Em alta no Inter, Guerrero revê o Flamengo após casamento de altos e baixos e divórcio litigioso

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Paolo Guerrero recém trilha os primeiros passos de sua história pelo Inter, com gols que apontam um futuro promissor após cinco jogos. E já tem pela frente um reencontro com seu passado. Nesta quarta-feira, às 16h (de Brasília), o peruano enfrenta o Flamengo, seu último clube, no Beira-Rio, pela 2ª rodada do Brasileirão. Na partida, ele revisitará uma relação conturbada, com poucos momentos de brilho, briga jurídica ainda em andamento e um gostinho de que deixou a desejar.

Em campo, o atacante atrairá olhares atentos e marcação ferrenha dos ex-companheiros de Rubro-Negro. O peruano teve sua presença ameaçada após sofrer uma entorse no tornozelo esquerdo na vitória por 1 a 0 sobre o Alianza Lima – seu time do coração no Peru. Ele ficou fora da derrota por 2 a 0 para a Chapecoense, mas abriu a semana recuperado do problema.

Sem deixar muitas saudades na Gávea, Guerrero desperta um sentimento bem diferente aos colorados – de esperança. O peruano assinou contrato por três anos com o Inter um dia após o fim de seu vínculo com o Flamengo, em agosto. Ele foi contratado pelo seu faro goleador e pela “grife de Copa do Mundo” para ser o diferencial da equipe na briga pelo título do Brasileirão em 2018.

O mero fato de fincar os pés em Porto Alegre demonstrou de imediato o peso de sua contratação para o clube gaúcho. Guerrero teve recepção com toda a pompa de uma estrela, com festa da torcida no Aeroporto Salgado Filho e também no Beira-Rio.

Mas o calor e o carinho dos colorados que tanto o comoveram logo viraram angústia. Dias antes da estreia, o centroavante teve a suspensão por doping reativada e reviveu o drama de estar afastado dos gramados. Foram longos oito meses até enfim poder vestir a camisa do Inter.

Guerrero pelo Inter

5 jogos

370 minutos

3 gols

Média de 0,6 gol/jogo

Média de 1 gol a cada 123 minutos

Com Guerrero, Inter se classifica para as oitavas de final da Libertadores

O começo foi arrasador, digno de atender às expectativas nutridas por tanto tempo pelos colorados. Guerrero estreou com gol na vitória por 2 a 0 sobre o Caxias, no Beira-Rio, pela semifinal do Gauchão. Na partida seguinte, marcou duas vezes no triunfo por 3 a 2 sobre o Palestino, novamente em casa (veja no vídeo acima).

Os gols em série o fizeram viver sua melhor arrancada por um time brasileiro – inclusive superior à vivida pelo Flamengo. Desde então, o centroavante passou em branco nos últimos três jogos que disputou: os dois empates em 0 a 0 nos Gre-Nais da final do Gauchão e o triunfo sobre o Alianza Lima. Nada que abale a confiança dos colorados em seu poderio decisivo para conduzir a equipe nos objetivos da temporada. E na “lei do ex” contra o antigo clube.

Seria leviano afirmar que Guerrero foi uma contratação fracassada do Flamengo. Acima de tudo, foi uma negociação simbólica, que marcou o início de uma nova era do clube no mercado. A sensação é que em três anos tiveram um casamento bacana, com altos e baixos, alguns momentos felizes, mas nunca se apaixonaram. Flamengo e Guerrero jamais formaram o par perfeito.

O desempenho em campo, por exemplo, ficou aquém da expectativa. O peruano não foi a liderança técnica que os rubro-negros tanto esperavam, embora tenha oscilado momentos discretos com grandes atuações ao longo de três anos.

O Inter, curiosamente, marcou momentos importantes da passagem de Guerrero pelo Flamengo. Em 2015, o atacante estreou contra o Colorado no Beira-Rio, com direito a gol e assistência (veja no vídeo abaixo). Ano passado, foi diante do atual clube que o peruano retornou após cumprir dois meses de suspensão. Dessa vez não teve gol, mas o Rubro-Negro venceu por 2 a 0 no Maracanã.

Com gol e assistência, Guerrero rege Flamengo na vitória sobre Internacional no Brasileiro

“Acabou o caô, o Guerrero chegou”… Carinho das arquibancadas nunca lhe faltou. Mas a sensação de muitos rubro-negros é que o Flamengo jamais foi sua prioridade. Jogar uma Copa do Mundo pela seleção peruana esteve em primeiro lugar. Sonho realizado em 2018, na Rússia.

Guerrero no FlamengoTítulo carioca de 2017 foi o momento de maior protagonismo de Guerrero no Flamengo — Foto: Gilvan de Souza

Jogos: 115

Gols: 43

Média de 0,37 por jogo

Título: Carioca (2017)

Período na Gávea: entre agosto de 2015 e agosto de 2018

Guerrero não foi o goleador que o Flamengo esperava. Em 115 jogos, marcou 43 gols (média de 0,37 por jogo). Sua qualidade técnica, no entanto, jamais foi uma questão na Gávea. Seu melhor momento foi no Carioca de 2017. Craque, artilheiro e campeão, comandou o Rubro-Negro em momentos decisivos na ausência de Diego, então lesionado. Também teve algum brilho na Libertadores daquele ano, mas não o suficiente para levar o time às oitavas de final.

O fim do relacionamento foi conturbado, embora silencioso. Publicamente não houve acusações. Os bastidores, porém, foram agitados. Suspenso pela Fifa ao ser flagrado no antidoping pela seleção peruana, Guerrero sentiu falta de apoio do Flamengo, que suspendeu seu salário durante o período. O clube, por sua vez, se viu prejudicado por perder por seis meses seu jogador mais caro. A negociação de renovação, que já não era simples, emperrou de vez, e o caso foi parar na Justiça.

Ao fim do contrato, o Rubro-Negro abriu processo para reaver pagamentos de direito de imagem pagos de forma antecipada, antes de sua suspensão por doping. O atacante desfalcou o Flamengo por seis meses. O clube crê que houve negligência do peruano e pede a devolução de R$1,8 milhão. Houve tentativa de acordo na Justiça, mas jogador não compareceu à audiência de conciliação. O próximo “round” será em campo, nesta quarta, no Beira-Rio, na primeira vez que se reencontram.

Redação