Ministério Público e secretários de saúde não creem em retorno do Campeonato Paraibano em junho

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O estado da Paraíba ainda enfrenta a crescente de casos e óbitos em decorrência do novo coronavírus, mas a Federação Paraibana Futebol, em conjunto com os clubes, já tem trabalhado para o retorno do campeonato paraibano. Até o momento o estado registra 24.032 casos e 559 mortes.

Em reunião na sexta-feira (06), a presidente Michelle Ramalho, junto ao médico da entidade, Augusto de Almeida Neto, discutiu com os presidentes e médicos dos clubes a elaboração de um protocolo, com base em um já proposto pela CBF, para nortear a volta da competição.

Essa intenção não agradou em nada o promotor Valberto Lira, presidente da Comissão de Prevenção e Combate a Violência nos Estádios de Futebol da Paraíba. Em vídeo divulgado para imprensa, o representante do Ministério Público da Paraíba demonstrou profunda insatisfação no modo como a discussão tem sido levada.

Para o magistrado, a ânsia pelo retorno as atividades esportivas é um sentimento comum a todos aqueles que vivem o futebol, mas que isso não pode ser realizado de maneira irresponsável, principalmente em um momento que os números da pandemia só crescem. O procurador também demonstrou descontentamento com modo com o qual a FPF tem conduzido a situação e apresentou questionamentos ao documento apresentado.

– Chegou ao meu conhecimento um protocolo que estaria sendo discutido. A comissão não participou de nenhuma discussão nesse sentido. A discussão que temos é apenas com as entidades da área de saúde. Mas nos debruçamos sobre o documento e não vimos nenhum compromisso, apenas conjecturas. Queremos saber, no momento em que as autoridades da saúde permitirem o retorno, quem irá bancar os testes que deverão ser realizados com todos aqueles que irão participar de uma partida em qualquer estádio. A não ser que queiram, mais uma vez, que o poder público assuma esse ônus, e nós não concordamos – afirmou.

O membro do MPPB reafirmou que qualquer decisão sobre o retorno depende da autorização das entidades sanitárias, para que então todos os responsáveis se reúnam e todos os pontos sejam devidamente discutidos.

– A posição, a priori, da comissão, é pelo não reinício do campeonato e, no momento em que as autoridades sanitárias autorizem esse retorno, teremos que nos sentar. Não é de uma hora pra outra abrir centro de treinamento e dizer que irá ocorrer uma partida sem que nós tenhamos delineado essas responsabilidades – concluiu.

Se depender da autorização dos órgãos de saúde, essa retomada das atividades também terá que esperar mais. Para Geraldo Medeiros, secretário de saúde do estado, não é provável que isso ocorra em breve.

– Nós achamos que é prematura a volta das atividades esportivas. Neste momento ainda temos pico de incidência de novos casos no estado, e nós precisamos, ao final de 14 dias, analisar todas as possibilidades – disse.

Após um primeira reunião, anterior a elaboração do protocolo, com dirigentes do Botafogo-PB, Treze, Campinense, Atlético de Cajazeiras e São Paulo Crystal, chegou a se projetar uma volta dos treinamentos para o dia 15. É importante lembrar que a região metropolitana da capital passa por um período de endurecimento do controle do isolamento social que deve durar, pelo menos, até o dia 14.

Outro gestor da área da saúde que vê como improvável essa situação é Adalberto Fulgêncio, secretário de saúde de João Pessoa. Ele enfatizou que o bom trabalho da cidade e do estado na contenção da doença possibilitou que não se encontre a insuficiência de leitos e pessoas morrendo sem assistência médica, mas também prega cautela em qualquer possibilidade discutida.

– Nós estamos abertos a receber a proposta e analisar. Sabemos da vontade dos dirigentes, jogadores e torcedores, mas antes de tudo tem que passar pelas autoridades de saúde, do controle epidemiológico. No momento, nós estamos intensificando as barreiras e mantendo o isolamento, para que todo o nosso esforço para salvar vidas não venha a ser em vão. Então, temos que ter muita calma neste momento com este retorno gradativo das diversas áreas de trabalho – lembrou.

Voz da Torcida