Cássio Cunha Lima fala das relações de mentira do PT com o brasileiro

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cassio 4Antes oposição, a troca de comando levou o senador Cássio Cunha Lima a ser governo. Neste domingo (22), como de costume nos últimos meses, produziu uma entrevista para o Diário do Poder, que começa com a frase assim pronunciada: “É hora de pensar no Brasil e tentar salvar o país da crise”. Centro das atenções da imprensa nacional, não só pela função de líder do PSDB, Cássio produz fatos que acabam levando ao noticiário dos programas televisivos da manhã, tarde e noite.

Alcançado pela reportagem do DP, Cássio foi instada a falar do governo da presidente afastada e destacou: “A mentira presidiu as relações do governo passado como o povo brasileiro”. Sobre o presidente em exercício Michel Temer disse que o governo começou “trazendo um elemento de verdade na relação com a sociedade”.

Leia abaixo a entrevista:

Qual a maior dificuldade ao voltar ao governo depois de tanto tempo na oposição?

A dificuldade maior é você dormir como centro da oposição e acordar como periferia do governo. Eu estava conversando com o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ele me disse que ‘estava se sentindo um cachorro que caiu da mudança’. É um período difícil e que vai depender muito do grau de desejo e da participação efetiva nossa do governo.

Qual sua avaliação inicial sobre o governo Temer?

É preciso lembrar que não houve transição. O governo termina sendo obrigado a trocar o pneu com o carro andando. É natural que algum descontrole verbal tenha causado algum ruído, mas foi uma primeira semana importante, principalmente porque o governo está querendo trazer um elemento de verdade na relação com a sociedade. A mentira presidiu as relações do governo passado com o povo brasileiro. Então só o fato de você ter a disposição de voltar a lidar com a verdade já é uma mudança extraordinariamente positiva. A começar pela revelação da real situação fiscal do país.

Como reverter um quadro econômico tão adverso sem a criação de impostos?
O governo não pode cometer o erro de propor o processo de ajuste fiscal pela via da receita. O governo acertará quando mostrar claramente que quer promover o ajuste pela via da despesa. Ele precisa aproveitar o momento de recuperação de credibilidade e confiança para fazer a economia voltar a funcionar, recuperar a capacidade de investimento, avançar nas concessões, nas privatizações, nas parcerias público-privadas para que se tenha investimento, que é sinônimo de desenvolvimento que significa geração de empregos. A partir da recuperação da economia, você vai ter uma recuperação da arrecadação e, a médio prazo, um sinal de ajuste da economia. O importante, para este momento, é mostrar tendências. Ou seja, qual é a tendência que o país deve percorrer nos próximos anos porque não haverá solução milagrosa e nem tampouco de curtíssimo prazo.

No Congresso, a chance de criar imposto é zero?
A chance de trazer a responsabilidade para o Congresso de aumento de carga tributária é um erro estratégico, tático e político. O Poder Executivo deve adotar medidas para sinalizar para uma tendência de equilíbrio fiscal. Não iremos sair de um déficit de R$ 170,5 bilhões este ano para o superávit do ano que vem. Vai ter que diminuir esse déficit até alcançar o equilíbrio.

Os ministros do governo Temer, na ânsia de mostrar serviço, não saíram falando mais do que deviam?
Não houve transição. Troca-se o pneu com o carro andando e você não tem nem tempo de fazer reuniões prévias. É humano se perder pela boca. Alguns cometeram sincericídio e falaram talvez em um momento inadequado. Mas nada grave, nada que possa comprometer a fase inicial do governo.

O que o Congresso precisa fazer para ajudar o novo governo a tirar o Brasil da situação crítica, com desemprego em alta, economia em recessão, juros exorbitantes?
A primeira grande ajuda seria compreender e devolver aquilo que nunca pode sair das mãos do presidente da República, que é a prerrogativa de escolha de ministros, de líderes. O Senado tem dado uma contribuição importante nesse sentido. A Câmara ainda não entendeu a necessidade de fortalecer as prerrogativas e as funções do presidente, para fazer uma mudança nessa lógica política. Manter essa lógica política pode ser um erro grave e um risco muito sério para o país.

Mas o Michel Temer não vai conseguir governar o país sem o Congresso…
O Senado não vai emparedar o presidente da República, tanto que já estamos há uma semana do novo governo sem que o líder tenha sido escolhido. Não há no plenário do Senado nenhum senador, nenhuma senadora que se movimente para ser líder. O Senado tem a exata compreensão que essa é uma escolha pessoal e intransferível dentro das prerrogativas do presidente da República.

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