Nova janela partidária facilita debandada de políticos

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camara deputadosA maioria de deputados federais e senadores já se mostram favorável a abertura de uma nova janela partidária para que detentores de mandatos possam mudar de partido sem perder suas cadeiras no legislativo. Na Paraíba, de olho nessa possibilidade, muitos políticos estão com as malas prontas para desembarcar em outras legendas. O troca-troca de legenda pode ocorrer entre 7 de março e 7 de abril de 2018.

Para o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e cientista político, Lúcio Flávio, a janela é mais um casuísmo da classe política. De acordo com ele, as desavenças internas, o grau de dificuldade em se eleger e até mesmo a fuga dos partidos que estão envolvidos na Operação Lava Jato, farão muitos detentores de mandatos deixarem seus atuais partidos.

“Temendo o desgaste advindo com a operação lava jato, que envolve as principais legendas partidárias (PSDB, PMDB, PP, PT) alguns políticos mais profissionais do que outros, tentarão mudar de legenda para se livrar do forte desgaste”, destacou o professor. Segundo Lúcio Flávio, mesmo levando em conta esses pontos destacados, não se deve observar uma avalanche de políticos deixando seus partidos. Ele lembrou que, por outro lado, são as grandes legendas que conseguem mais recursos com financiadores. “Por isso acredito que a saída dos políticos não será uma grande avalanche”, afirmou.

Mesmo assim, alguns deputados estaduais e federais já iniciaram as articulações para uma possível troca de legendas no próximo ano. Na Assembleia, pelo menos seis parlamentares podem aproveitar a janela para garantir a reeleição, se livrando muitas vezes de crises internas ou até mesmo pela dificuldade no quociente eleitoral. Essa dificuldade pode levar os deputados Edmilson Soares e Branco Mendes a estudarem deixar o PEN por outra legenda.

Parlamentares avaliam cenário

Outro que também pode mudar de partido é Julys Roberto, deixando o PMDB. Já o deputado Antônio Mineral (PSDB), que é aliado do governador Ricardo Coutinho (PSB), também deve deixar o ninho tucano para ingressar em um partido da base aliada. Outro deputado que está numa situação desconfortável na legenda é Galego Sousa (PP). Aliado de primeira hora do governador, o parlamentar é filiado a um partido que faz oposição, comandado na Paraíba pela família Ribeiro, afinados com o discurso do senador Cássio Cunha Lima (PSDB).

Como aliado de Ricardo Coutinho, Galego Sousa conseguiu emplacar o sobrinho e ex-prefeito de São Bento, Gemilton Sousa, na coordenação Regional de Gestão, o que demonstra a situação desconfortável no partido. Dessa forma, a janela partidária será a saída para que mudem de legenda sem perder seus mandatos por infidelidade partidária. Esses parlamentares analisam possibilidades de filiações em partidos como o PSB, PTB, PPS ou PSL.

No momento, nenhum dos parlamentares confirma a mudança, mas nos bastidores já conversam sobre a possibilidade.

Prestes a deixar o PMDB

Outro deputado, desta vez federal, que pode aproveitar a janela partidária é Veneziano Vital do Rêgo (PMDB). O parlamentar enfrenta uma verdadeira batalha interna com a atual direção por defender apoio da legenda ao governador Ricardo Coutinho. Por conta disso, estaria de malas prontas com destino ao Podemos (antigo PTN).

As conversas entre o deputado peemedebistas e a presidente nacional da sigla, Renata Abreu, estariam avançadas nesse sentido. Se forem concretizadas, Veneziano poderia assumir a direção estadual da legenda na Paraíba, destituindo o atual comandante, o deputado estadual Janduhy Carneiro. Caso deixe a legenda, Veneziano levaria também lideranças peemedebistas a exemplo do colega de parlamento, André Amaral.

“Como é um assunto que só pode ser resolvido em definitivo no próximo ano, não adiantaria muito que nós nos antecipássemos a isso”, destacou Veneziano.

Atualmente o deputado tem chamado atenção de setores do Planalto por se posicionar contra algumas propostas encaminhadas à Câmara pelo governo Michel Temer. O deputado votou contra a terceirização, contra a reforma trabalhista e é voto certo também contra a reforma da Previdência. Isso tem dificultado a permanência do paraibano no PMDB.

O professor e cientista político, Lúcio Flávio, explicou que o problema de Veneziano é de relacionamento com o governo já que o seu partido é de oposição. “Ser oposição tem um custo muito alto. Se amarga o ostracismo sem as benesses do poder”, disse.

A filiação de Veneziano Vital ao Podemos geraria a saída do deputado Jandhuy Carneiro da sigla. Ele chegou a dizer que não se sentiria confortável na legenda uma vez que o deputado federal é aliado do governador Ricardo Coutinho, enquanto ele faz oposição.

Redação