OAB encaminha ao MPPB pedido de verificação de infrações no caso de garoto autista que veio a óbito em UBS de Cubati

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A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a advogada Dra. Giovanna Mayer, disse nesta terça-feira (28), que foi encaminhado ao Ministério Público da Paraíba (MPPB), um ofício para acompanhamento do caso da criança autista que veio a óbito em uma UBS de Cubati, no último dia 17 de março.

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência tem como principal atribuição a defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana, o respeito à cidadania e a inclusão da pessoa com deficiência, atuando na análise de todas as matérias, recebimento de denúncias, reclamações, elaborando estudos e promovendo ações que pretendam garantir direitos e o bem-estar da pessoa com deficiência.

A Comissão é uma das temáticas trabalhadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e dentre elas se encontra a Comissão de Defesa dos Direitos Autistas, onde o presidente também assinou o ofício que foi encaminhado ao Ministério Público.

Segundo Dra. Giovanna, o documento foi protocolado nesta segunda-feira (27), e solicita ao Ministério Público a verificação da existência de outras infrações, além das que já estão sendo apuradas.

“Nós encaminhamos um ofício ao Ministério Público para que eles possam verificar a existência de outras infrações, além das que já estão sendo apuradas. Foi protocolado ontem, ainda estamos no aguardo de movimentações”, afirmou a advogada.

Os pais da criança de apenas 5 anos de idade, denunciam que o garoto veio a óbito por negligência médica, e um Boletim de Ocorrência foi registrado. A Polícia Civil investiga o caso.

Relembre o caso

Uma criança de 5 anos veio a óbito em uma UBS do município de Cubati, no último dia 17 de março, e a mãe denuncia que houve negligência médica. Segundo relatou Jaqueline ao Se Liga PB, o menino, que se queixava de fortes dores e estava com febre, diarreia e tosse, foi levado para a UBS localizada no Enduro na quarta e na quinta-feira. Na sexta-feira (17), a mãe levou o garoto para a UBS do Alto dos Bentos, que funciona como hospital, onde o menino veio a óbito.

“Eu fiz tudo o que eu podia pelo meu filho. Meu filho estava doente desde o domingo e na quarta-feira fui com ele para o Hospital do Induro. O médico que atendeu disse que meu filho não estava sentindo dor nenhuma, e passou um xarope para tosse e remédio para diarreia. Vim para casa e na quinta meu filho ainda continuava muito doente, e eu como mãe, levei ele novamente”, disse.

O garoto era autista, e algumas crianças com autismo podem ter uma pré-disposição, uma vez que são mais suscetíveis, a ter problemas de saúde. A mãe contou que tentou falar que o filho tinha alguns problemas de saúde, para que se tivesse o devido cuidado diante dos sintomas que a criança estava sentindo, e segundo ela, não foi ouvida e o médico disse que o garoto não tinha nada, que a dor que estava se queixando ‘era coisa da cabeça dele’.

“Ele teve a coragem de olhar para a minha cara e dizer que eu tinha que ter paciência, porque era uma virose e não ia curar de um dia para o outro. Ele disse na minha frente que tudo que meu filho estava sentindo era coisa da cabeça dele, e o que poderia fazer era passar dipirona e outro xarope para tosse, porque meu filho não tinha nada. Ele praticamente chamou meu filho de louco”, contou.

A mãe disse também que pediu para a criança ser encaminhada para o Hospital de Picuí ou de Campina Grande, mas não teve o pedido atendido.

“Eu pedi, implorei, chorei tanto para que ele encaminhasse meu filho para Picuí e ele não mandou. Eles mediam a febre e não dava nada, só que meu filho suava muito, passava a noite inteira tossindo e se queixava de muita dor. Ele tava com anemia, sem comer desde o domingo e não passaram nem um soro. O médico veio ver como ele tava, falou com o menino, não falou nem comigo, e disse que não mandou nada para Picuí, debochando da minha cara”, afirmou.

Jaqueline viu seu filho desfalecer no local. Revoltada e emocionada, ela cobra providências e pede justiça, uma vez que o menino veio a óbito por pura negligência médica.

“Não quiseram mandar para Picuí e passaram uma nebulização. Eu mesma segurei meu filho nos braços. Eles deram nebulização com eu segurando ele, e ele nunca tinha tomado nebulização na vida. Quando a nebulização acabou senti meu filho afracando em meus braços, a enfermeira veio e levaram ele para a cama. Meu filho ainda tentou reagir, pedindo para ir para casa, e nisso ele foi se deitando, e eu do lado dele dizendo para ele se acalmar e que logo ele iria para casa, nisso desmaiou com olho aberto nos meus braços. Levaram ele para a emergência e o menino deu o último suspiro e eu comecei a passar mal ao ver o que estava acontecendo com meu filho, que sofreu tanto. Isso tudo foi culpa deles”, relatou muito emocionada e abalada.

Redação

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